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SIMplex

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25
Set09

Earth Overshoot Day - 25 Set 2009

Tiago Julião Neves

 

Hoje é dia 25 de Setembro e é também o Earth Overshoot Day de 2009.

 

É o dia a partir do qual usámos todos os serviços ecológicos disponíveis num ano.

 

É o dia em que começamos a pedir emprestado capital natural às gerações futuras.

 

É o dia do ano em que a humanidade começa a viver acima das suas possibilidades.

 

Em 2009 bastaram 9 meses para gastarmos os recursos que o Planeta produz em 12 meses. A partir de hoje e até 31 de Dezembro estaremos todos a viver a crédito.

 

 

Karen Christensen é capaz de ter razão quando diz que "temos vivido no planeta Terra como se estivéssemos a fazer uma paragem de um dia num hotel barato".

 

Em Portugal há quem pense que o TGV é fundamental, há quem aposte nas energias renováveis e há quem acredite que a mobilidade eléctrica é o futuro. Também há quem discorde disto tudo e diga que é um devaneio de ricos.

 

Eu concordo que já perdemos demasiado tempo!

 

Eu voto PS!

 

25
Set09

Mobilidade eléctrica: revolução invisível II

Tiago Julião Neves

Portugal é no contexto da EU27 o primeiro País a avançar com um Programa para a Mobilidade Eléctrica de âmbito nacional, mérito de um Governo que soube antecipar a importância estratégica da integração das políticas de ambiente, energia e transportes.

 

Importa que esta consciência se articule também com as políticas de ordenamento do território e de urbanismo de forma a materializar padrões sustentáveis de ocupação e uso do solo, evitando a dispersão de actividades no território.

 

O Programa para a Mobilidade Eléctrica, o Plano Tecnológico para a Energia, o Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética e a Estratégia Nacional para a Energia ilustram uma estratégia de investimento integrado e estruturante, onde a mobilidade eléctrica a par das energias renováveis constituirá pilar robusto do desenvolvimento económico do País no longo prazo.

 

Resolução do Conselho de Ministros nº 20/2009 de 20 de Fevereiro

Aprova o Programa para a Mobilidade Eléctrica em Portugal;

 

Despacho nº 13897/2009 de 8 de Junho de 2009

Constitui o Gabinete para a Mobilidade Eléctrica em Portugal (GAMEP)

 

25
Set09

Mobilidade eléctrica: revolução invisível I

Tiago Julião Neves

 

Portugal é no contexto da EU27 o primeiro País a avançar com um Programa para a Mobilidade Eléctrica de âmbito nacional, mérito de um Governo que soube antecipar a importância estratégica da integração das políticas de ambiente, energia e transportes.

 

As sinergias com as energias renováveis permitirão carregar as baterias do veículo eléctrico com a energia eólica produzida à noite e vender à rede o excesso durante o dia. Mais concorrência, rede mais eficiente e mobilidade com menores custos sociais e ambientais.

 

Em 2011 com 1.350 pontos de carregamento compatíveis com todos os veículos eléctricos e vários incentivos à sua aquisição, Portugal reforça a liderança na área das novas tecnologias, aspecto estruturante do modelo de desenvolvimento económico e social defendido pelo PS.

 

O projecto mobi-e incentiva a actividade económica de elevado valor acrescentado, promove a inovação e a integração tecnológica, cria emprego qualificado e abre caminho às novas formas de mobilidade sustentável.

 

Publicado hoje no Diário Económico

 

22
Set09

Distorções...

Tiago Julião Neves

Aparentemente alguém andou a distorcer factos, a criar atritos e a gerir suspeições

em benefício de determinado partido político à beira das eleições.

 

Alguém andou a brincar com o tempo e com os portugueses...

 

...mas o tempo é lixado!

Tic tac tic tac tic tac tic tac tic tac...

 

Quando a Presidência acertar o fuso horário gostávamos de ouvir as explicações.

 

19
Set09

Limites do crescimento II

Tiago Julião Neves

É fundamental reconhecer a relação entre os limites do crescimento económico e a capacidade de regeneração do planeta, resistindo à quimera da sacralização da tecnologia. Este momento é decisivo e existe um sério risco de destabilizarmos definitivamente o conjunto de equilíbrios complexos que regem a vida na terra.

 

Necessitamos de uma gestão sensível e cautelosa que evite ilusões sobre:

-        A capacidade de carga do planeta;

-        A devastação causada pelo Homem;

-        O potencial regenerador da tecnologia;

-        O custo de adiar o combate às alterações climáticas.

O Relatório Stern e o IPPC fornecem ampla informação sobre estes aspectos, abordados também na revisão dos 30 anos do icónico "Limits to Growth".

 

 

19
Set09

Limites do crescimento I

Tiago Julião Neves

“Current trends in energy supply and consumption are patently unsustainable – environmentally, economically and socially – they can and must be altered”.

 

A frase não é de um ecologista radical, mas do director executivo da Agência Internacional de Energia no lançamento do World Energy Outlook 2008. Nobuo Tanaka e a publicação de referência da AIE anunciam o que muitos sabem, mas poucos parecem aceitar, que o tempo do desperdício energético está a chegar ao fim.

 

O crescimento económico e demográfico das economias emergentes, da Índia ao Brasil, agravou a pressão sobre recursos cada vez mais escassos e fez disparar a procura mundial de energia. A oferta responde e na China o crescimento anual da produção de electricidade apenas, equivale a inaugurar duas centrais por semana.


 


13
Set09

The Return of the Plastic Woman

Tiago Julião Neves

Ela teve uma vida de estudo, uma vida académica, uma vida profissional, muitas conferências, muitas coisas escritas, experiência governativa... e agora voltou para nos livrar dele! 

 

 

Defensora da liberdade e da transparência (quando não aceita que lhe questionem uma certa seriedade política ou quando pede para se silenciarem incertas manifestações de camaradas espanhóis), baluarte da rectidão moral (quando reabilita Santana, incensa Jardim ou convida António Preto) esta personagem está muito além da plasticidade das palavras, do nevoeiro da dúvida e da escorregadia realidade factual.

 

Aquilo que diz e faz não importa. O que importa é aquilo que acha que disse e fez. Se há provas cabais que a desmentem, isso também não importa. Em MFL a essência não importa, ela é suprema e inatingível. O que importa é a substância cósmica, é a intuição sensível e o enlevo de sensações. MFL flui numa nuvem de sublimação ética e infinita elasticidade que lhe permitem reinventar continuamente a realidade.

 

Se MFL se exalta com a exposição pública das suas incongruências, lida mal com a insistência de jornalistas e adversários políticos, isso também não importa. MFL quer um cheque em branco devemos dar-lhe claro um destes... 

 

A proliferação de declarações contraditórias num tão curto espaço de tempo relativamente a temas tão diversos e importantes como a privatização da saúde e da educação, a importância da alta velocidade, ou as auto-estradas SCUT também não interessam. Só os medíocres é que analisam factos, os grandes políticos odeiam os espanhóis e desconfiam dos órfãos.

 

Ver aqui o debate entre José Sócrates e Manuela Ferreira Leite.

11
Set09

A política económica do PSD

Tiago Julião Neves

 

Este excelente post do Carlos Santos desmonta cabalmente a estratégia de suicídio económico que o PSD propõe para Portugal. A obsessão de MFL com o défice, com a aniquilação do Estado e com a castração do investimento público quando se regista uma brutal contracção da procura privada, equivale a insistir jogar roleta russa com o tambor cheio.

 

É simples, básico e elementar, mas MFL não sabe ou não quer saber. Deve ter uma intuição. A minha diz que alguém lhe devia oferecer uns fascículos de economia da Planeta Agostini. Enquanto os fascículos não chegam, o Paul Krugman deixou uma dica na sua coluna de opinião no New York Times. O artigo chama-se "Is Obama relying too much on tax cuts?" e foi certamente encomendado pelo Sócrates pois assenta que nem uma luva a MFL. Aqui fica um excerto:

 

"Let’s lay out the basics here. Other things equal, public investment is a much better way to provide economic stimulus than tax cuts, for two reasons. First, if the government spends money, that money is spent, helping support demand, whereas tax cuts may be largely saved. So public investment offers more bang for the buck. Second, public investment leaves something of value behind when the stimulus is over."

 

O Carlos conclui afirmando que o programa económico do PSD "pavimenta o caminho para um colapso social. E alimenta os votos do extremismo de esquerdas radicais que são sempre mais fortes quando o neoliberalismo toma o poder e rasga o tecido social". Dá que pensar não dá? Sobretudo porque é verdade. Quer castigar o PS? É fácil, vote na direita reaccionária e recebe de brinde a esquerda radical.

09
Set09

A sacralização da ciência II

Tiago Julião Neves

A sacralização da tecnologia conjugada com a ignorância cultural das elites e das classes dirigentes é uma receita desastrosa. A humanização da sociedade requer um bailado de disciplinas em pé de igualdade, das ciências à história e da filosofia à cultura.

 

A aposta na cultura e nas ciências sociais é tão essencial como o (excelente) investimento feito na área da ciência e da tecnologia pelo actual Governo. Ambas devem informar as políticas públicas e em conjunto contribuem para sociedades mais justas e equilibradas.

 

O PS já reconheceu que poderia ter feito mais pela cultura e assumiu que esta será uma preocupação central nos próximos quatro anos.

 “A cultura constituirá, na legislatura de 2009/2013, uma prioridade do Governo do PS, no quadro das políticas de desenvolvimento, qualificação e afirmação do País.

São três os nossos compromissos centrais:

• Reforçar o orçamento da cultura durante a legislatura, de modo a criar as condições financeiras para o pleno desenvolvimento das políticas públicas para o sector;

• Assegurar a transversalidade das políticas culturais, garantindo a coordenação dos ministérios e departamentos envolvidos em políticas sectoriais relevantes para a cultura;

• Valorizar o contributo decisivo da criação contemporânea para o desenvolvimento do País, fomentando a constituição de redes ou parcerias, e promovendo o aumento e diversidade das práticas culturais, através de políticas transparentes de apoio aos criadores, à formação de públicos e a uma maior interacção entre cultura, ciência e educação.”

Programa do Partido Socialista, pág. 55

 

A especialização exagerada em fases formativas é errada porque nos desumaniza. Permitir que relações humanas onde a confiança e a empatia são fundamentais (como na relação médico-doente) se reduzam a relações tecnológicas é grave. Combater a hiper-especialização precoce é prevenir o risco de viver numa sociedade de técnicos competentíssimos, mas adultos disfuncionais, seres unidimensionais política e socialmente inaptos.

 

Precisamos de indicadores quantitativos como o número de consultas, mas também de indicadores qualitativos que acomodem aspectos complexos em time-frames  mais longos. A saúde física e mental que se reflecte no bem-estar das pessoas parece-me um excelente exemplo dessa necessidade. À semelhança de outros países europeus, deveríamos incorporar a Psicologia no SNS porque vivemos num mundo cada vez mais acelerado que dificulta a interiorização das vivências diárias e onde os complexos sobre a importância da saúde mental não devem ter lugar.

 

Também algumas terapias holísticas e alternativas (medicina chinesa, reiki, acupunctura, ayurvédica, homeopatia, etc.)  deveriam eventualmente ser integradas no SNS, porque a medicina ocidental tradicional é insuficiente na resposta a muitas das doenças modernas. Não falo de susbstituição mas de complementaridade em tratamentos específicos e da importância de sacudir o monopólio da medicina tradicional, obrigando-a a competir e a actualizar-se permanentemente.

 

Ciência, prática ou cultura: fundamental é ter humildade e fomentar a diversidade do conhecimento, avaliando os processos e os resultados.

09
Set09

A sacralização da ciência I

Tiago Julião Neves

 

Nas últimas décadas assistimos a uma crescente sacralização da ciência nas sociedades ocidentais. O espaço deixado vago pela desilusão de gerações urbanas e cosmopolitas com as religiões tradicionais foi progressivamente infiltrado pelos extraordinários progressos científicos alcançados pela humanidade.

 

A permuta da fé tradicional por outra de matriz tecnológica em que sobressai a facilidade de dominar a natureza inicia-se ao ritmo de missões lunares, de computadores 48k e de operações de coração aberto. As religiões dominantes perdem o monopólio do sagrado e a ciência inicia uma marcha triunfal. O Homem descobre que não precisa de Deus para descodificar o genoma nem da sua bênção para navegar no ciberespaço.

 

Aplaudo a aparente libertação, mas trocar Deus pelo iPod pode ter graves consequências se à ciência se atribuir lugar divino. Assumir que o futuro colectivo depende mais de desígnios externos (cientistas iluminados) do que do somatório das nossas acções individuais, infantiliza e desresponsabiliza a espécie humana.

 

 

 

Nas alterações climáticas por exemplo, não há volta a dar, a tecnologia só não chega e Deus pode chegar atrasado. Neste caso pregar a salvação pela ciência é extremamente perverso porque escamoteia a real necessidade de alterar hábitos individuais insustentáveis, no muito curto prazo. É fundamental não nos iludirmos com devotos do culto tecnológico como Lomborg, e assumirmos de forma consciente e solidária o ónus político de medidas tão impopulares quanto urgentes, porque o custo de não agir já será várias vezes superior no futuro, conforme atestam o Relatório Stern e o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas.

 

É claramente mais agradável acreditar no milagre dos biocombustíveis do que andar mais a pé e de transportes públicos. Sacrificar bem-estar imediato em nome de medidas duras cujos efeitos só serão visíveis num futuro distante acarreta custos políticos óbvios para o governo que as adoptar, mas é também uma marca de responsabilidade governativa.

 

O Governo PS (que não é perfeito) tem dado passos consistentes no sentido de alterar a matriz científico-tecnológica da nossa sociedade através da aposta em bolsas de investigação e desenvolvimento, mas também em áreas chave como as energias renováveis e a mobilidade eléctrica. É apenas o início de um caminho longo e incerto, que não dispensará afinações de rumo e alterações aos comportamentos individuais. Mas o fundamental é que o rumo central está traçado a caminho da sustentabilidade e representa uma forma de ver o Mundo onde se reconhece a existência de limites, que acredito é a mais correcta ética, política, social, ambiental e economicamente.

 

A ciência e a tecnologia são elementos fundamentais de um futuro sustentável em conjunto com muitas outras disciplinas do saber. As tecnologias actuais não merecem um papel sagrado, até porque seria uma deselegância para com a "enxada", tecnologia de ponta do neolítico, mãe da agricultura e das trocas comerciais que nos permitiram acumular riqueza para um dia termos direito à Cérelac e ao MIT.

 

 

Nota: Para evitar aproveitamentos informo que apoio o excelente e pioneiro investimento realizado pelo Governo PS em matéria de ciência e tecnologia ao longo dos últimos 4 anos, o que não considero de todo incompatível com a crítica ao papel quase divino da ciência na sociedade contemporânea ocidental.