Clarificando as coisas
O Rodrigo Adão da Fonseca escreve hoje, no Diário Económico, um artigo importante para perceber a estratégia económica do PSD. E a estratégia é: o governo não deve ter qualquer estratégia de desenvolvimento. Simples e claro. Mas errado, tendo em conta a situação económica e os desequilibrios estruturais do país.
Escreve o Rodrigo: "O PSD defende um modelo económico que desonera as empresas, em especial, as PME, mas num plano de igualdade de oportunidades, com medidas transversais que aproveitam a todos". O meu problema com esta passagem é que ela é neutra entre soctores de actividade e entre opções estratégicas, isto é, torna-se irrelevante se apoiamos empresas que produzam bens de elevado valor acrescentado, sectores com elevado potencial exportador, industrias que apostem em baixos salários ou industrias que pretendam investir em capital humano e na qualificação dos seus trabalhadores. O que o Rodrigo diz — e o PSD também — é que, de um ponto de vista político, não interessa o que as empresas façam, desde que se comportem como empresas. Esta estratégia — cega, indiferenciada — não responde de forma minimamente satisfatória a um desafio fundamental: como contribuir para mudar o paradigma produtivo português, demasiado dependente de baixos salários e de produtos com baixo valor acrescentado que tem sido o principal responsável pelo nosso atraso económico?