25% is the magic number
Quando falava do Rendimento Social de Inserção, Paulo Portas indignou-se com a altíssima taxa de fraude: 25%. A ser verdade — não sei se é —, parece elevada. Em resposta a isto, pensava eu, duas opções: Portas propõe o fim do RSI; Portas avança com propostas de combate à fraude. Enganei-me. Portas prefere brincar com os números, aposta na estupidez do eleitorado, e avança com um dos seus truques demagógicos: como a fraude é 25%, a solução passa por tirar 25% do RSI para aumentar as pensões de reforma. Óbvio? Não. Eu sei que as % são as mesmas, mas, tirando isso, alguém me consegue explicar qual é a relação entre o problema (a fraude) e a solução proposta (aumentar pensões)? Se o problema é a fraude, em que medida é que tirar 25% dos fundos de um programa — que, recordemos, inclui 75% de não fraude — contribui para resolver o problema identificado pelo próprio Portas? Em nada, claro. A não ser que Portas tenha em mente algo do género: vou punir todos esperando que os que cumprem passem a denunciar e a pôr na ordem os aldrabões, o que, a prazo, iria contribuir para solucionar o problema. Será que Portas se aconselhou com especialistas em Economia do Risco e da Informação e avançou para o signalling, naquilo que constituiria um marco de sofisticação económica pioneiro em Portugal. Não. É apenas Portas a ser o Portas.