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SIMplex

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11
Set09

Fernando Lima ou Francisco Louçã?

Paulo Ferreira

O tema do "suponhamos" das "sensações" de escutas foi demasiado debatido, comentado, analisado e "manipulado",nas televisões, jornais e blogosfera,  para que seja aceitável, depois da acusação directa, concreta e definida de Francisco Louçã, não existir qualquer resposta por parte do Presidente da República.

Não faz sentido, mesmo num contexto de guerra aberta Belém - São Bento e de interferência dissimulada da Presidência na campanha politica partidária, que não exista um desmentido formal desta acusação.A não ser que não a consigam desmentir mesmo...

 

10
Set09

O PROBLEMA

Eduardo Pitta

O projecto do BE nunca me interessou. Sou dos que têm idade para se lembrar da UDP e do PSR. Et pour cause. Mas nunca mudei de canal quando Louçã falava. O estilo evangelista perdeu eficácia com a erosão do tempo, mas Louçã tinha-nos habituado a um módico de rigor. Isso acabou. As sondagens fizeram-no perder o pé. [...]

 

Ler o resto aqui.

 

09
Set09

Um Debate Transparente...

Ana Paula Fitas

O debate entre José Sócrates e Francisco Louçã tornou evidente a demagogia gratuita e confrangedora do programa eleitoral do Bloco de Esquerda que, para além de um diagnóstico conhecido de toda a gente e que tem, aliás, servido de base a todas as intervenções políticas e partidárias (do Governo ao PSD, do CDS ao BE, da CDU ao MEP e por aí adiante) e de uma enumeração de medidas também conhecidas dos portugueses desde o PREC, se caracteriza pela incapacidade de explicar os eixos sobre os quais assenta. Vejamos o que propõe, grosso modo, o programa eleitoral do BE através da sua problematização: a) onde vai o Estado encontrar fontes de financiamento para arrecadar receitas que lhe garantam sucesso na gestão das nacionalizações da banca, dos seguros e das empresas energéticas?; b) onde vai o Estado encontrar dinheiro para, além do referido na alínea anterior, suportar a Segurança Social, o Sistema Nacional de Saúde e o Ensino Público?; c) com que receitas pode o Estado, através da Caixa Geral de Depósitos, suportar a importação de créditos mal-parados de, por exemplo, um BPN?... De facto, o Bloco e o seu líder entusiasmaram-se na redacção de um documento sem viabilidade económica ou financeira que não é, de modo algum, uma alternativa política para o país. Por mérito próprio e pela sustentabilidade do programa eleitoral do Partido Socialista, ficou ontem claro, para os eleitores, que José Sócrates representa, de facto, sem aspirações a perfeições que só existem no imaginário e que apenas devem ter como função ser referenciais de acção, um projecto adequado ao estado da economia e da sociedade portuguesa no actual contexto de crise... o projecto da Esquerda possível no Portugal da 1ª década do século XXI.

 

(Este post tem publicação simultânea no A Nossa Candeia e no Público-Eleições 2009)

09
Set09

Fim de um mito

Hugo Costa

Depois do debate de ontem, uma dúvida me assola. Será que todos os votantes do Bloco têm consciência de que Francisco Louçã quer aumentar os impostos à classe média e baixa, acabando com as deduções de despesas na educação e saúde?

 

Respeito Francisco Louçã pelo economista que é. Como político, não deixa de ser curioso ter tido o seu “momentus horribilis” na sua área de eleição. Por mais que tenha tentado, Francisco Louçã não conseguiu sustentar o programa do Bloco, que visa o aumento do esforço fiscal de todos os portugueses.
O nervosismo foi claro. Louçã sempre gostou de jogar ao ataque. Colocado numa posição defensiva, foi incapaz e inábil para defender o seu programa de governo radical.
Terá sido o fim de um mito?
09
Set09

Esquerda tradicional vs Esquerda moderna

João Galamba

Para o Bloco, a solução para a pobreza e para as desigualdades é muito simples: estamos perante um problema de redistribuição da riqueza. É o estafado: existem pobres porque existem ricos. Há quem ache que se deve ir por aqui. Eu discordo. Ou melhor: a redistribuição e necessária, mas não chega. É uma fantasia achar que se resolve o problma da pobreza e das desigualdades criando um escalão de 45% de IRS e um imposto sobre as grandes fortunas. Os nossos problemas também não se resolvem nacionalizando a banca, os seguros e o sector energético — e muitos menos se resolvem introduzindo mecanismos de controlo administrativo e burocratico dos juros.

09
Set09

AGENDA OCULTA

Eduardo Pitta

Para os trabalhadores por conta de outrem, que representam o grosso da população activa, o retorno do imposto retido na fonte, que ocorre todos os anos pelo Verão, é uma espécie de 15.º mês. «Estou à espera do IRS para mudar o frigorífico» / «Assim que o IRS chegar marco viagem para Porto de Galinhas». E outras mil variantes. Entre dívidas por liquidar e pequenas extravagâncias para fazer esquecer onze meses de chumbo, a classe média-baixa (e não tanto a média-média, que é composta por médicos, advogados, arquitectos, docentes universitários, políticos, apresentadores de televisão, etc.) habituou-se a esse retorno. As deduções com despesas de saúde e educação criaram esse pé de meia pós-moderno. Já ninguém passa sem «receber o IRS». Pequenas empresas de contabilidade especializaram-se nesse nicho. A engenharia da devolução do imposto não conhece limites. Cá para mim, que não sou economista, isso traduz uma retenção excessiva na fonte. Mas eu sou um leigo. A maioria das pessoas gosta dessa economia forçada.

 

Ontem ficou a saber-se o impensável. O Bloco de Esquerda propõe a abolição dessas deduções. Dessas, e ainda a dos planos poupança reforma (os famosos PPR que Bagão Félix, quando foi ministro das Finanças de Santana Lopes, também excluiu dos benefícios fiscais). Lá se vai o soi disant 15.º mês.

 

Argumenta o BE: havendo «oferta pública», o recurso ao «privado» é opcional. Nessa medida não faria sentido deduzir despesas com educação e saúde. No tocante à saúde, por exemplo, toda a gente sabe que a «oferta pública» não cobre, em tempo útil (salvo urgências concretas), as necessidades da população. E uma grande parte dela vê-se obrigada a recorrer ao privado. Vejamos o caso dos funcionários públicos, classe que inclui os professores: o médico de família, quando existe, tem uma longa lista de espera; o médico privado surge como solução; a consulta custa, digamos, 90 euros (num médico modesto); esses 90 euros são pagos em cash; o recibo é enviado para a ADSE; ao fim de 60 dias a ADSE reembolsa uma pequena percentagem desse valor (nunca recebi mais de 12 euros por consulta); no fim do ano, a ADSE envia declaração para efeito de dedução no IRS com indicação do valor creditado; os funcionários (e os professores, etc.) deduzem a diferença de forma a obter o retorno devido. O BE quer acabar com isso. Esqueceu-se foi de pôr a proposta nos outdoors. Era bom que o fizesse. Ou trata-se de agenda oculta?

 

Os nossos liberais devem estar exultantes. Finalmente um partido reconheceu as suas propostas. A operação significa esmifrar a classe média-baixa em mil milhões de euros? Mas o que é isso para as vanguardas revolucionárias?

  

 

08
Set09

FICÇÕES

Eduardo Pitta

A entrevista de Louçã ao Público é deveras esclarecedora: «Sou socialista. E sou contra o capitalismo. O socialismo em Portugal, para nós, é um projecto anticapitalista, com todo o gosto pelas palavras e com toda a clareza.» O coordenador do BE, doublé de grande federador da esquerda, quer partir o PS ao meio. A parte boa ficava com ele. Os outros fizessem o que quisessem. A política deve ser reconfigurada à imagem do Die Linke alemão, afirma. Caso contrário acabamos como a Itália.

 

Discurso directo: «Para mim é sempre inexplicável como é que um país como a Itália pode ter um senhor como Berlusconi a federar a direita italiana.» Pois a mim parece-me de meridiana clareza... Se, a pretexto de ódios fulanizados e de interesses corporativos continuarmos a votar contra em vez de o fazer a favor de, acabaremos com uma versão indígena de Berlusconi. É muito simples. Ao contrário da lenda, a história repete-se sempre.

 

Um pouco mais à frente, rejeitando a política de terra queimada, diz que «dar a Ferreira Leite e a Paulo Portas o governo era o mesmo que pôr Dias Loureiro à frente do Banco de Portugal.» E remata: «o PSD é um partido tentacular de negócios que foram protagonizados pelos seus maiores. Foi a estrutura essencial da governação cavaquista que fez o negócio do BPN.»

 

Trata-se, portanto, de reconfigurar a esquerda, de modo a incluir «quem, na altura, fizer parte de uma grande confluência por um programa político que responda ao país.» Ficção por ficção, mais depressa veríamos um governo de iniciativa presidencial, com Eduardo Catroga (PM), Alexandre Relvas (adjunto do PM), Medina Carreira (Finanças), Bagão Félix (Segurança Social), Rui Machete (Justiça), Miguel Cadilhe (Economia), João Carlos Espada (Educação), João Lobo Antunes (Saúde), Marcelo Rebelo de Sousa (Defesa), Joaquim Aguiar (Administração Interna), Martins da Cruz (Negócios Estrangeiros), António Carrapatoso (Obras Públicas), António Borges (Reforma do Estado), Miguel Frasquilho (Agricultura), Maria José Nogueira Pinto (Cultura), Paulo Rangel (Assuntos Parlamentares), etc. E o Nuno Melo à frente do Banco de Portugal, pois claro! Ficção, naturalmente. O pior é que o voto fútil transforma quase sempre a ficção em realidade.

 

08
Set09

Anti-capitalismo e populismo

João Galamba

Louçã, o líder partidário que aspira conquistar o poder e construir uma grande maioria de esquerda, diz que é anti-capitalista. É preciso deixar uma coisa bem clara: um anti-capitalista é necessariamente um revolucionário, pois um anti-capitalista não concebe a possibilidade de reformas ou de regulação — o capitalismo é irreformável e o "anti" não é mais do que o reconhecimento desse "facto".

 

Mas o anti-capitalista, hoje, tem um problema fundamental: não é capaz de reconhecer que o capitalismo já não é aquela coisa tenebrosa e desumana que Marx e Engels tão bem descreveram. Louçã, por "coerência" (leia-se: dogmatismo) prefere ignorar este facto e desvalorizar a pluralidade e a complexidade da realidade económica actual. O seu anti-capitalismo mostra que Louçã não pertence ao nosso tempo — ele vive no seu próprio tempo.. Ao contrário do que diz Louçã, o "capitalismo", hoje, não é uma totalidade monolítica e uniforme; e, por isso, o "capitalismo", que Louçã diz querer combater, só existe na sua revolucionária cabeça. Mas o anti-capitalismo de  Louçã é apenas um slogan para impressionar mentes impressionáveis. Como Louçã sabe que a revolução não é uma opção, o líder do BE (o partido da esquerda socialista) vê-se é obrigado a adaptar o seu discurso (sacrificando os seus "princípios", isto é, fazendo aquilo que o próprio Louça diz ser uma forma de "calculismo" e "negociata" política) e entrega-se de corpo e alma ao populismo de esquerda. Marx deve estar a dar voltas no túmulo.