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SIMplex

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25
Set09

Mobilidade eléctrica: revolução invisível I

Tiago Julião Neves

 

Portugal é no contexto da EU27 o primeiro País a avançar com um Programa para a Mobilidade Eléctrica de âmbito nacional, mérito de um Governo que soube antecipar a importância estratégica da integração das políticas de ambiente, energia e transportes.

 

As sinergias com as energias renováveis permitirão carregar as baterias do veículo eléctrico com a energia eólica produzida à noite e vender à rede o excesso durante o dia. Mais concorrência, rede mais eficiente e mobilidade com menores custos sociais e ambientais.

 

Em 2011 com 1.350 pontos de carregamento compatíveis com todos os veículos eléctricos e vários incentivos à sua aquisição, Portugal reforça a liderança na área das novas tecnologias, aspecto estruturante do modelo de desenvolvimento económico e social defendido pelo PS.

 

O projecto mobi-e incentiva a actividade económica de elevado valor acrescentado, promove a inovação e a integração tecnológica, cria emprego qualificado e abre caminho às novas formas de mobilidade sustentável.

 

Publicado hoje no Diário Económico

 

23
Set09

O mundo ao contrário

Irene Pimentel

 

Há momentos em que o mundo parece estar virado ao contrário e em que os valores que norteiam a nossa vida parecem estar invertidos. Este é um desses momentos: em primeiro lugar, porque a Presidência da República parece não ter capacidade para ser o garante das instituições democráticas; em segundo lugar, porque um jornal parece receber encomendas e estar a fugir a princípios de independência e isenção e, finalmente, porque uma candidata a primeira-ministra diz que recusa viver num país onde o medo está instalado (candidata que tinha mais de trinta anos no 25 de Abril e nunca se manifestou contra qualquer atentado às liberdades perpetradas pelo regime ditatorial).
Descontando o facto de me parecer que eu não estou a viver no mesmo país em que vive essa candidata, enquanto cidadã portuguesa, preocupada com a manutenção da liberdade e da democracia em Portugal, pergunto se não deveria o PR ter demitido Fernando Lima mais cedo? Dado que não quero ser ingénua e que, tal como todos os portugueses, tenho de tomar uma decisão com tudo o que sei até agora, no dia 27, vou votar PS!
 
(publicado no Diário Económico, hoje)

 

 

21
Set09

Decision Time

José Reis Santos

No próximo dia 27 o país vai a votos. Está em causa prosseguir com o conjunto de reformas progressistas que tem modernizado Portugal ou romper com as mesmas. Escolher entre José Sócrates e Manuela Ferreira Leite; os únicos candidatos ao cargo de Primeiro-ministro (uma vez que os restantes Partidos Políticos apenas procuram a representação parlamentar - aliás já assegurada).

Em qualquer país do mundo é a oposição que tem a obrigação de demonstrar porque deve ser Governo. Tem de apresentar propostas alternativas que melhorem a governação do país e lideres que projectem uma visão definida do futuro. Por sua vez, os Governos devem procurar manter o rumo das suas boas políticas e rever algumas áreas menos conseguidas. Foi o que o PS fez. Ora o PSD - que tinha a obrigação de nos convencer que pode fazer melhor que o PS - não nos apresentou nem um programa convincente, nem uma equipa de confiança, nem uma líder com uma visão para o país. E nestas condições, não julgo que a oposição mereça o nosso voto.

[hoje no Diário Económico]

19
Set09

LINHA DIVISÓRIA

Eduardo Pitta

No domínio da cultura, a direita tem como prioridade o património e a esquerda a criação. São realidades distintas. Verdade que não podemos deixar os monumentos ruir. Do mesmo modo que as artes performativas não podem ficar por conta do arbítrio. Em Portugal criou-se o mito dos subsídios. A opinião pública de direita exige subsídios à agricultura, mesmo sabendo que nabos e hortaliças têm mercado garantido. Mas arranca os cabelos se o Estado criar condições para levar o Emmanuel Nunes a Braga ou a Évora, que por acaso até são cidades universitárias. E quem diz o Emmanuel Nunes diz a Olga Roriz ou o Ângelo. Num país como o nosso, a música, o bailado e a pintura são privilégios das elites. E de elites em sentido muito estrito.

 

O que a experência nos mostra é que os governos do Partido Socialista têm tido o bom senso de equilibrar uma coisa e outra. Nem o património é abandonado à sua sorte, nem a criação fica nas mãos do mecenato privado. Seria fácil comparar números, pois na cultura o investimento dos governos de direita é sempre residual. Mas nem é aí que reside o problema. Trata-se de educar pelo hábito quem não pode ir a Glyndebourne ou ao MOMA. A educação tem custos. Antes de ser outra coisa, a cultura é o resultado de uma educação.

 

Hoje no Económico.

 

16
Set09

Queremos dar continuidade ao nosso futuro?

Carlos Manuel Castro

Vivemos num mundo cada vez mais globalizado e competitivo. Hoje, Portugal, como qualquer país do mundo, não se pode compreender fora do seu enquadramento regional e mundial.

 

Existem várias complexidades como múltiplas oportunidades. Tudo depende do modo como encaramos as situações e as circunstâncias com que nos confrontamos. Ou nos empenhamos ou conformamos. E, num país que tantos mundos deu ao mundo - como o nosso -, esta etapa deve ser encarada como mais um desafio e uma grande oportunidade de darmos o salto qualitativo que todos pretendemos; terminando, de vez, com o fatalismo que alguns tanto gostam de apregoar, sem, no entanto, nada construir.

 

Nos últimos quatro anos contámos com um Governo que rompeu com barreiras, ultrapassou obstáculos e almejou novas e melhores metas para Portugal e para os portugueses. O investimento sem precedentes na Educação e na qualificação, a aposta nas energias renováveis, o empenho no aumento da oferta científica e tecnológica, a ajuda às empresas e à projecção internacional do nosso tecido económico, sem perder de vista a solidariedade, no sentido de garantir uma efectiva Justiça Social.

 

O que está em causa no próximo dia 27 não é apenas uma escolha entre partidos, mas entre o Portugal do futuro e o Portugal sem rumo.

 

(publicado no Diário Económico)

15
Set09

a equação

Porfírio Silva

Os períodos eleitorais favorecem os contrastes simples: a verdade de um lado, o erro do outro. Céptico quanto à pureza química em política, prefiro tentar compreender qual é em cada momento a combinação virtuosa de continuidade e mudança.

 

Revolucionários e messiânicos desprezam o valor da continuidade. Só vêem virtude em que tudo mude e acham que prometer a possibilidade de todas as mudanças é o que rende em todos os momentos. Erro deles. Por exemplo, que Portugal nunca tenha tido hesitações fatais acerca do seu empenhamento na União Europeia deve-se ao famigerado “bloco central”. À direita e à esquerda, nem sempre todos perceberam isso – alimentando o autêntico desporto nacional que consiste em diabolizar os factores de continuidade.

 

Não existindo sociedades perfeitas, haverá sempre mudanças necessárias. Por exemplo, hoje necessitamos alterar significativamente o equilíbrio dominante no mundo do trabalho, articulando várias mudanças: aumentar o emprego, reduzir a precariedade, melhorar a produtividade e a competitividade, elevar as qualificações, promover a melhoria sustentada dos salários, reduzir mais as desigualdades. Essa mudança articulada é necessária tanto por razões de eficiência económica como de justiça social. Concretizá-la, sem estatizar a economia nem mercantilizar a sociedade, tem de passar pelo reforço do diálogo social, da contratação colectiva e da participação dos trabalhadores. Esses são elementos de uma mudança de que necessitamos como pão para a boca.

 

O ponto, a meu ver, é que, presentemente, a força capaz de concretizar a equação certa de continuidade e mudança é o PS. E Sócrates, sem nunca ter sido um líder iluminado pelos deslumbrantes amanhãs que cantam, mostrou que é capaz de contribuir para fazer evoluir a própria equação da continuidade e da mudança. Em vez de tentar mexer na equação andando com o tempo para trás, o que alguns físicos chegaram a achar credível – e alguns políticos ensaiam agora outra vez. E este é um ponto muito mais importante do que colocar bem as mãos ou os olhos ou a gravata em qualquer debate televisivo.

 

(versão de um depoimento publicado hoje no Diário Económico, aqui)
 

09
Set09

O fim do PEC?

GWOM

 Muito se fala das alegadas iniquidades do pagamento especial por conta (PEC), sem que se perceba qual a sua verdadeira utilidade.

O PEC foi criado em 1998, pelo Ministro das Finanças Sousa Franco e previa um montante fixo anual a pagar pelas empresas igual à diferença entre 1% do volume de negócios e o valor do PEC pago no ano anterior, com o mínimo de 500 e máximo de 1500 euros. Assinale-se que, em 2003, a base tornou-se mais alargada, tendo o mínimo aumentado para 1250 e o máximo para 200 mil euros. Foram, na verdade, estes valores proibitivos e confiscatórios, corrigidos em 2005, que criaram a má fama do PEC e geraram manifestações de desagrado.

Ora, para além de estar em causa a receita fiscal, as práticas evasivas de ocultação de rendimentos não só são geradoras de graves distorções da igualdade tributária - por gerarem colectas inferiores às reais -, como também permitem a manutenção no mercado de falsas empresas, em prejuízo das que contribuem para a riqueza do país. Isso faz mais sentido quando muitas empresas improdutivas durante anos, em nada contribuem para a economia e para o Estado, continuando, contudo, a usufruir, de modo privilegiado, dos direitos económicos e sociais. Perante isto, fará sentido acabar com o PEC quando desejamos um mercado fluido e útil para todos?

Texto publicado no Diário Económico.

 

04
Set09

Isto é tudo muito requintado

Rogério Costa Pereira

Ainda a notícia do cancelamento do Jornal de Sexta da TVI mal tinha aterrado e já os do costume diziam "o óbvio". Que, face ao desagrado já manifestado por Sócrates em relação ao tipo de “informação” veiculada nesse telejornal, a decisão de o cancelar reveste carácter político e que Sócrates teve intervenção no assunto.

No entanto, mesmo os mais fanáticos concederão que esta é uma má notícia para o PS, uma vez que, sendo aparentemente tão do seu agrado, não se livrará das suspeitas de que esteve por trás deste cancelamento; suspeitas que carecem de qualquer fundamento (sendo um erro aliás discutir este caso numa perspectiva partidária, pois trata-se de um acto de gestão interno de uma empresa privada).

Ora, o que levaria Sócrates a dar tamanho tiro no pé, levantando esta imensa poeirada? Nada, como é óbvio. Provocar a troca de duas ou três edições do Jornal de Sexta - com mais do mesmo - por três semanas de “asfixia democrática” seria uma péssima estratégia.

O spot alusivo ao Jornal de Sexta, as declarações de Moura Guedes ao DN ("Só se fossem muito estúpidos é que me tiravam do ar!"), e a ameaça de mais peças sobre o Freeport, são demasiados factos para um só dia. Há muitas contas e leituras ainda a fazer.

Mas a questão fulcral é a de saber quais as razões que levaram a administração da TVI a tomar esta decisão a três semanas das eleições – exactamente agora, quando essa decisão só pode penalizar o PS e Sócrates.

 

Publicado no Diário Económico (adaptação deste post)

03
Set09

Sustentabilidade

Palmira F. Silva

As tecnologias associadas às energias renováveis serão as próximas indústrias globais, ultrapassando muito provavelmente as tecnologias da informação daqui a uns anos. Os países que mais apostarem em investigação nessa área, hoje, disporão de uma vantagem estratégica num futuro próximo. Reforçar os recursos afectos a I&D no sector energético e assegurar a sua forte conexão com o sistema económico, como se compromete no programa o PS, é fundamental na visão energética a longo prazo de que o país necessita.

 

De facto, recentemente este jornal transmitia o aviso da Agência Internacional de Energia de que se está a atingir a capacidade máxima da produção de petróleo, ou seja, que uma "catastrófica crise energética" ameaça a retoma da economia mundial. Em Portugal, este aviso assume contornos preocupantes devido à nossa dependência energética do exterior, preocupação confirmada na recente crise petrolífera que demonstrou a vulnerabilidade da nossa economia em relação ao petróleo e a urgência na alteração do paradigma energético nacional.

 

Investir na produção de energia, em especial nas renováveis, deve ser prioridade do programa de qualquer partido que pretenda governar o país e apostar no futuro. Ao ler os programas dos principais partidos, é fácil verificar que apenas um deles assume esse desígnio.

 

Hoje, no Diário Económico.

02
Set09

Sócrates, Magalhães e a Volta ao Mundo pelas Exportações Portuguesas

Bruno Reis

 

Uma das imagens de marca do governo Sócrates é o computador Magalhães. Isso fica claro no mostruário do Jamais.

Ele é revelador do fomento duma mudança tecnológica da nossa economia; da aposta na modernização da educação pública; e da prioridade dada à diplomacia económica.

A reacção ao computador Magalhães também foi típica. Como é feito em Portugal, muita gente achou que ficava bem dizer mal. (Como o Jamais e alguns dos comentários de que o artigo foi alvo ilustram bem.)

Aparentemente, diziam os críticos, o Magalhães era "só" montado em Portugal. O Magalhães tinha bugs e tal...Ou seja, era como todos os outros computadores. Alguém teve algum computador das melhores marcas que nunca tenha dado problemas? Alguém ainda acredita que um computador é todo feito no mesmo sítio em vez de ter peças de todo o lado do mundo? Parece que há quem na oposição de direita ainda não tenha ouvido falar de globalização.

Alguém afirma que o Magalhães não funciona, e que os programas com problemas não foram corrigidos a custo das empresas respectivas? (Melhor do que com os meus programas de computador que não funcionam). Este computador pelo menos é montado cá em vez de ser apenas vendido por cá. Sobretudo, está acessível às crianças do ensino público a um preço que só as economias de escala de uma grande encomenda do Estado poderia permitir. Seria acaso melhor fazê-lo a uma empresa estrangeira? 

 

Era preciso um "projecto educativo" para enquadra o Magalhães e são as escolas e não as famílias que precisavam de computadores? Mas o que é isso tem a ver com os alunos terem computadores portáteis (ou seja, que podem ir da escola para casa e vice-versa)? E neste caso as famílias- sempre  tão centrais na educação para a direita - já não servem para nada? É preciso todo um projecto do Estado para as enquadrar? Claro que informatizar as escolas é importante, mas há algum governo que tenha feito mais para informatizar as escolas e o sector público em geral? (Simplex, Empresa na Hora, Casa na Hora?)

 

Mas sobretudo o que incomodou muita gente - e voltou a incomodar o Miguel Noronha do Jamais - foi ver Sócrates a promover o Magalhães na Cimeira Ibero-Americana, e o Presidente Chávez pegar no Magalhães. Ficava mal. Exportar para um candidato a ditador? Ora o Rei de Espanha não promove as empresas espanholas? Não o faz a Rainha de Inglaterra - com o seu selo em tudo desde compotas a cerveja escocesa [ver imagem] - ou o Presidente dos EUA? Isso é parolo? Ou será antes parolo, provinciano e prejudicial para a economia portuguesa ter este tipo de complexo de inferioridade? Será que esses países não exportam para a Líbia ou a Arábia Saudita, essas grandes democracias? A promoção e diversificação das nossas exportaçõs têm de ser uma prioridade estratégica do próximo governo. Foi uma prioridade de Sócrates. Ficámos esclarecidos pelo Jamais que um governo da Direita será demasiado fino para esse tipo de serviço à economia nacional. Promover as exportações não faz milagres? Pois não. Mas não acredito em milagres em política ou economia. Acredito, no entanto, que tentar promover produtos nacionais não é vergonha, é verdadeiro sentido de Estado, daquele que ajuda a criar empregos.

PS Estou de férias, de que fui arrancado para meter este poste e explicar que apesar do dizia o geralmente rigoroso Diário Económico fui eu e não o José Reis Santos que assinou este texto (em versão 0.1.)