Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

SIMplex

SIMplex

30
Jul09

A Banda Larga da Esquerda...

Ana Paula Fitas

Temos ouvido falar pouco da Banda Larga da Esquerda. É pena!... A Banda Larga da Esquerda é essencial para a dinâmica de vitória destas eleições. Se a Convergência de Esquerda é um reforço da esperança para Lisboa, a Banda Larga da Esquerda é importante para que se não perca a mensagem, o desafio e o objectivo político de todos os que não duvidam do prejuízo nacional que resultaria de uma governação de direita... os sinais são mais assustadores e sintomáticos do que provavelmente gostariamos mas, de facto, não é preciso esforço algum para perceber quais as bandeiras da direita e desmistificá-las reduzindo-as à sua natureza demagógica, populista e manipuladora... sob o lema "uma política de verdade", Manuela Ferreira Leite assumiu já que, nem investimento público, nem políticas sociais integrarão o seu eixo de prioridades de acção, deixando claro que perspectiva a proporcionalidade da carga fiscal em função dos rendimentos, designadamente no que se refere aos que se situam muito acima da média, como algo que só se justificaria "se os ricos andassem p'raí a dizer que não sabem o que hão-de fazer ao dinheiro" -expressão de "redutio ad absurdum" do senso comum que se constitui como um atentado a uma democrática e eficaz forma de tentar encontrar respostas justas para a crise que o país atravessa... tal como Alberto João Jardim assumiu que, o que à direita interessa na próxima legislatura, é a revisão constitucional para proibir o comunismo e extinguir o Tribunal Constitucional (o qual, contudo, mereceu à direcção do PSD o maior apoio por ter dado razão a Cavaco Silva em casos polémicos que o próprio PSD votou favoravelmente!), secundado por Pacheco Pereira, Rangel e o silêncio dos restantes. Nesta senda da "verdade", a lógica da direita alcançou um momento alto da sua estratégia eleitoral com os mais recentes cartazes negros do CDS-PP em que se mistura o caso BPN com as PME's de forma a provocar básicas reacções de choque e em que, mais grave ainda, se acusam os desempregados e os pobres que carecem do subsídio social de inserção, de não "quererem" trabalhar! A pergunta que se coloca a uma Esquerda credível e responsável é a de saber se prefere ser cúmplice da tomada do poder político pela direita, em nome da conquista de mais um ou outro deputado que não irá alterar a correlação de forças parlamentar ou, se é capaz de se ultrapassar a si própria em nome do interesse nacional. A Esquerda em Banda Larga ou melhor, A Banda Larga da Esquerda deveria equacionar o problema com seriedade... porque ou se está na política com as pessoas, isto é, com os cidadãos... ou se está na política para servir corporativismos que, sendo legítimos, são, neste momento, dispensáveis e inoportunos... A demagogia exacerbada do olhar único, seja ele de que lado fôr, pode ser sedutora mas é, por certo, contraproducente. A  sensatez e o bem-comum sabem isso, por experiência. A  Banda Larga da Esquerda precisa de todos... e o país justifica o esforço. É isso que os cidadãos querem e merecem... 

30
Jul09

Os "perseguidos"

Hugo Mendes

Parece que há por aí uma "perseguição social aos ricos". Não vou alongar-me em comentários sobre o que significa esta afirmação num dos países da UE com maiores desigualdades na distribuição de rendimentos.  Recuperando o que escrevi aqui, vale a pena atentar no segundo e terceiro gráficos da figura seguinte (clicar para aumentar), que podem ser encontrados aqui

 

 

Eles mostram que no nosso país de extremos, a média dos rendimentos (em dólares em PPP) dos 10% dos portugueses mais pobres (= 1.º decil) coloca-os entre os eslovacos e os húngaros mais pobres. Porém, os portugueses no decil mais rico não se comparam com os eslovacos ou os húngaros mais abastados: compara-se com os suecos ou os dinamarqueses do topo das respectivas estruturas de rendimentos. 

 

Isto diz-nos alguma coisa - e não é sobre o "mérito" ou o "esforço" dos trabalhadores portugueses, eslovacos, húngaros, suecos ou dinamarqueses, mas sobre como funcionam as instituições que regem a distribuição da riqueza em cada uma das sociedades. E sobre quem mais beneficia delas.