Só o PS pode guarantir uma vitória da esquerda nas eleições legislativas.Claro que o PCP e o BE e muita comunicação social e “comentadores” dizem que o PS não é de esquerda.
Só o PS pode guarantir uma vitória da esquerda nas eleições legislativas.Claro que o PCP e o BE e muita comunicação social e “comentadores” dizem que o PS não é de esquerda.
O ciclo da governação actual termina com a abertura das urnas do próximo Domingo.
Tendo estado a semana passada fora do pais, só agora tenho oportunidade para começar a escrever no SIMplex. Como parece ser praxe deste blog que o nosso primeiro post seja uma breve introdução, ela aqui está:
Porque escrevo no SIMplex?
Obviamente, tal como a esmagadora maioria dos meus colegas neste blog, é por não ter sido convidado para fazer parte dos magníficos. Quem não entra na primeira escolha, vai para a segunda.
Num tom mais sério, não irei fazer apologia de voto em ninguém e nunca gostei de homens (e mulheres) providenciais. Para mim, o messianismo pertence ao domínio do sagrado e não do profano. Acredito que na raiz das ideias políticas das pessoas estão presentes valores e princípios, os quais cristalizam uma determinada visão do mundo. As opções de políticas públicas são uma extensão natural do que pensamos sobre a sociedade.
É meu objectivo contribuir para uma debate franco de ideias, para que os valores e princípios que suportam determinadas propostas sejam revelados, e para que todos tenhamos uma ideia mais clara do que pensam cada um dos partidos que a partir de 27 de Setembro nos representarão colectivamente na esfera pública.
Não tenho ideias pré-concebidas e estou pronto a mudar de opinião sobre os assuntos se considerar que os outros argumentos fazem mais sentido. Para isso é que serve um debate.
Durante muito tempo, o “não merece, mas vote PS” do O’Neill foi a melhor forma de explicar os sucessos eleitorais relativos (literalmente) do PS. Agora já não o é. Depois de uma primeira maioria absoluta, o PS deixou de ser um partido que ocupava uma posição relativamente central e que por isso causava poucos anti-corpos da esquerda à direita para passar a ser um partido que governou, de facto, e com isso passou a centrar todos os descontentamentos. A experiência foi tão intensa que, hoje, sinal dos tempos, a “nacional situacionista” criou uma barragem tal que alguém que diga que vai votar PS tem antes de pedir desculpa. Não me é difícil fazer uma longa lista de coisas que gostava que este Governo tivesse feito diferente. Mas, eu, de facto, não peço desculpa: vou votar PS porque, ao contrário do que pensa o condutor moral Louçã, a política é mesmo uma negociação e só o PS é capaz de negociar um País onde modernização se combine com solidariedade. Ao mesmo tempo, só o PS o pode fazer ancorado na esquerda e envolvendo gente politicamente variada, que vai, a título de exemplo, do Miguel Vale de Almeida ao Luís Amado. Ora se calhar é mesmo isso que deve ser feito nos próximos anos: negociar mais e fazê-lo com gente mais variada.
Sou da direita do PS, sem com isso deixar de ser vincadamente de esquerda.
Sou da direita do PS porque não me quero confundir com o discurso populista de que vale mais um revoltado do que um revolucionário, adoptado, por exemplo, pelo BE, que tudo promete mas nada pretende vir a cumprir.
Sou vincadamente de esquerda porque, ao contrário deles, não pretendo ser cúmplice das propostas políticas da direita.
O meu primeiro poste suscitou reacções tão fortes e tão interessantes que merece encore um poste. Especialmente porque aparentemente pelo menos dois eleitores potenciais do PS podem ter sido "perdidos" por essa causa, o que é assumir pesada responsabilidade.
Talvez o segredo mais bem guardado de uma eficaz política democrática seja a capacidade de fazer ou segurar alianças entre classes. A esquerda para-revolucionária desdenha a ideia de aliança transclassista porque saliva com a “luta de classes” dos bons contra os maus; a direita diz que as “classes” fazem parte do universo ficcional da sociologia de pacotilha. A esquerda democrática sabe, porém, que precisa da cooperação organizada e da mobilização colectiva dos “grandes números”.
Não serve, claro, qualquer aliança; por exemplo, a aliança entre as classes médias e as elites contra o Estado social, assente na exploração do ressentimento dos que de menos recursos dispõem e na protecção assimétrica dos benefícios dos mais ricos. A esquerda democrática necessita antes de uma aliança sólida entre as classes trabalhadoras e a classes médias, e para tal, precisa de lhes fazer crer que pertencem à mesma sociedade. É para isso que servem – entre outras coisas - serviços públicos tendencialmente universais que sejam capazes de responder às necessidades dos cidadãos-clientes com qualidade e universalismo. Precisa também de garantir às classes médias alguma estabilidade e segurança para evitar que, uma vez atacadas pelo medo de entrarem em trajectórias descendentes, se sintam ameaçadas pela concorrência dos mais pobres, e façam a tal aliança com as elites contra o Estado social. E precisa ainda garantir, para além de níveis de bem-estar objectivo decentes para os mais pobres, oportunidades relativamente constantes para que possam ter um emprego melhor, para adquirir uma casa, para “subir na vida” e “juntar-se às classes médias”. A única força política capaz de pensar e concretizar esta aliança de bem-estar que responda às preocupações e expectativas da grande maioria da sociedade é o Partido Socialista.
É simplex, precisamos de um Governo do século XXI para lidar com os problemas do século XXI.
Precisamos de um reformismo pragmático forte. Precisamos de guarantir que esse reformismo é de esquerda. É feito com consciência social, como se viu ser o caso do PS, por exemplo, no rendimento mínimo, no complemento solidário de reforma, no aumento do salário mínimo, e na proposta recente de um apoio às famílias mais pobres.
Não se pode abandonar as classes médias. Mas um governo de esquerda progressista tem de governar sobretudo pelo progresso e não simplesmente pelos direitos adquiridos. (A aristocracia também os tinha aquando das revoluções liberais). Tem de governar pelos mais pobres e pelo reforço da igualdade de oportunidades através da educação semeando Novas Oportunidades.
Há momentos em que os caminhos se dividem mesmo, e este é um deles.
Vamos votar em Setembro para escolher que pessoas e que projecto queremos para enfrentar os próximos meses (anos?) que sabemos difíceis.
Vamos escolher entre um Portugal a olhar para trás e um projecto para o futuro; entre o rasgar para deixar tudo na mesma e o ousar mudar e inovar; entre os slogans vazios e uma visão para o país. Mas também, e principalmente hoje que correm rumores de que o PSD só apresentará o Programa em Setembro, teremos de escolher se estamos com os que têm um programa oculto, de que conhecemos apenas alguns os traços ideológicos, ou com quem tem uma estratégia clara, discutida e debatida, defendida com frontalidade, transparente.
Defenderemos aqui, nos próximos meses, as razões que nos levam a votar no Partido Socialista e em José Sócrates, e espero mesmo que do outro lado tenhamos mais do que um slogan, os braços no ar e o vazio.
Não é que devamos pôr os ovos todos no mesmo cesto. É que um ovo solitário nunca fará uma ninhada. E já não vale a pena partir ovos sem fazer omeletes.
Estamos aqui por não estarmos muito preocupados em preservar a brancura das nossas asas enquanto deixamos que o nosso mundo cresça para lá do alcance do nosso passo. E por sabermos que o grande inquisidor aqui não entra. E que os pequenos inquisidores nem teriam estômago para aqui entrar.
As igrejas dos santos perfeitos dos últimos dias podem servir para entreter as tardes de fim de semana, ou até para esperar sentado pelo reino dos céus. Mas não servem de nada para fazer avançar as nossas repúblicas de cidadãos. Essas, de futuro, só vêm em banda larga: saber preservar a diversidade, engenhando a força de nos juntarmos para os momentos de fazer.
É mesmo importante que se vote. É mesmo importante que a esquerda democrática ganhe. É mesmo importante que a esquerda democrática, representada pelo PS, tenha a maioria dos votos, o mais expressiva possível.
É indispensável que não voltemos atrás. É indispensável que as reformas iniciadas continuem. É indispensável que o estado sirva os seus cidadãos com serviços públicos de qualidade, na educação, na saúde, na segurança social, na defesa e na justiça.
Por isso devemos participar, com manifestos, poemas ou canções, dentro de casa e no trabalho, em conversas amenas, discussões acesas ou brandas trocas de argumentos, devemos espalhar a notícia de que o século XXI é mesmo o século das energias renováveis, da nanotecnologia, dos computadores, da internet, da globalização do saber, do conhecimento.
A rasgar por onde pudermos e em banda cada vez mais larga - é mesmo SIMplex.
A vida tem destas coisas, juntar pessoas que não se conhecem, homens e mulheres, jovens e menos jovens, gente consagrada e por consagrar, gente divertida e sisuda, oriunda das mais diversas áreas profissionais e políticas, sem outra afinidade que não uma declaração de voto comum: nas próximas eleições legislativas vamos todos votar no Partido Socialista.
São várias as razões deste voto. Defendemos acima de tudo a liberdade, e esta mede-se pela capacidade de garantir progresso social e económico; a diversidade de opções e escolhas; o reconhecimento e os direitos das minorias. Assim, grande parte dos colaboradores do SIMplex apoia a interrupção voluntária da gravidez; a pluralidade cultural de todas as regiões do país; a plena igualdade no acesso ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo; a laicidade do estado e a liberdade religiosa; bem como, naturalmente, a real igualdade de género.
Somos ainda pela inovação, pelo conhecimento, pela capacidade inventiva e criadora, pela sustentabilidade energética, pela ecologia. Somos por um país que mede o seu valor pelo que faz agora pelos seus cidadãos e pelas suas cidadãs, nascidos ou não aqui, falantes ou não de português. Recusamos os mitos do passado, o medo, o atavismo e a violência simbólica das nostalgias salazarentas. Com igual vigor recusamos as utopias revolucionárias. Somos pela dignificação do sistema político, trazendo para ele novas caras, gente desinteressada, apostada bom bem-público, exigindo accountability. Não somos pelo corte definitivo entre a cidadania e a representação democrática. Repudiamos com veemência as alternativas caudilhistas, presidencialistas ou que se deixem seduzir por suspensões da democracia.
Acreditamos que a política não é uma arte perfeita. Cometem-se erros. Admitimos mesmo que o PS os tenha cometido. Como todos os partidos, o PS não é perfeito, nem pretendemos que seja. Muitos de nós gostamos do que o PS tem feito pela liberdade, pela igualdade e pela modernidade. Acreditamos num socialismo moderno que aposte no papel do Estado, com serviços públicos de qualidade para todos, com igualdade de oportunidades e no quadro de uma economia de mercado regulada por parâmetros europeus. O PS do centrão e as políticas neo-liberais no trabalho e na economia não nos interessam.
Não estamos, portanto, satisfeitos. Se estivéssemos, não abriríamos este espaço de apoio declarado, mas também de crítica e prospecção. Interessa debater o que foi feito, de bom e de mau, neste últimos quatro anos; mas também projectar o que de melhor se pode fazer para a próxima legislatura. Queremos que o ritmo das reformas se mantenha ou acelere. Queremos transformações concretas na justiça, na segurança social, na saúde e na educação. A dignificação dos profissionais, em todas as áreas, é fundamental. O fosso entre ricos e pobres não pode continuar a alargar. A classe-média não pode ser cilindrada. Não há sociedades perfeitas. Mas há sociedades justas. Acreditamos nisso. Votamos PS por acreditar que está bem preparado para o conseguir.
Não iremos votar no PSD porque a sua líder simboliza praticamente tudo o que de negativo foi aqui elencado – uma política que aposta na negatividade e apela aos piores instintos de receio, fechamento, e honrada pobreza. Não queremos o regresso do PSD, muito menos do PSD personificado por Manuela Ferreira Leite ou Santana Lopes.
Não queremos o regresso da tanga.
Como se depreende, as razões do nosso apoio ao Partido Socialista são muito diferentes. Estamos aqui para demonstrar um voto de confiança, assumido e partilhando sem complexos, uma visão crítica e construtiva da política e do país. Queremos um país moderno com perspectivas de progresso. Vemos no PS, e sobretudo em José Sócrates, capacidade de mudança e modernização. Sem a tentação miserabilista da direita e as utopias irresponsáveis da extrema-esquerda.
Queremos, em suma, que o Partido Socialista ganhe as eleições de 27 de Setembro próximo, de preferência com maioria absoluta. Só ele pode contribuir decisivamente para que Portugal se mantenha na vanguarda política do século XXI.