O populismo de Manuela (versão anti-espanhola)
A afirmação anti-espanhola de Manuela Ferreira Leite, a propósito do TGV, é de uma extraordinária gravidade política e mereceu, de imediato, a atenção da comunicação social de Espanha:
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A afirmação anti-espanhola de Manuela Ferreira Leite, a propósito do TGV, é de uma extraordinária gravidade política e mereceu, de imediato, a atenção da comunicação social de Espanha:
Segundo Ferreira Leite, Alberto João Jardim (ao encabeçar a lista de deputados pela Madeira) não se está a candidatar a dois lugares ao mesmo tempo, uma vez que o lugar de presidente do governo regional da Madeira não é um lugar electivo, ergo, Jardim, apesar de já ter declarado ficar na Madeira, não é um falso candidato. Se assim fosse, de acordo com a senhora da política da verdade, "também um de nós [JS e MFL] é falso candidato porque um de nós será PM". Ou seja, de acordo com MFL, Jardim é tão obviamente falso (candidato), que é verdadeiro - pois se toda a gente sabe que ele sempre foi cabeça de lista. Não perceberam? Eu também não. De resto, isto nem sequer chega a ser ideia peregrina. Isto é quando um e um são três. Mais, isto é fazer de nós parvos.
"Eu não estou aqui para defender os interesses dos espanhóis, eu estou aqui para defender os interesses dos portugueses".
Esta "coisa" à la Manuel Monteiro, preferida por Ferreira Leite a propósito do interesse dos espanhóis em entrar com o TGV por Portugal adentro, quase que se auto-comenta. Ainda assim, avanço - à laia de desabafo - com uma aposta: se o PSD ganhar as eleições, a suspensão do TGV não durará 9 meses. E a MFL tem (tinha) o dever de o dizer - de ser sincera. A Europa não pode parar em Badajoz. Aliás, MFL, com todos os - no seu dizer - "meros" acordos de princípios que assinou quando esteve no Governo, a esse propósito, sabe-o bem.
O resto do debate foi a caça ao indeciso. O resultado não foi estrondosamente óbvio (desde logo porque não estou indeciso e custa-me entrar nessa pele), mas parece-me que MFL, apesar de ter feito o seu debate menos mau, mostrou que não está preparada para conduzir Portugal. E, menos ainda - o discurso a propósito do TGV mostra-o bem -, para conduzir Portugal na Europa. Um Primeiro Ministro tem que saber o que diz. Esta espécie de guerra declarada aos espanhóis, espécie de afronta pateta ao urgente iberismo - à laia de "orgulhosamente sós" -, mostra bem que MFL vive noutros tempos.
As cartas estão lançadas, vamos a votos.
(também na jugular)
Nestes debates, por mais que os consideremos decisivos, não se joga o resultado final de uma eleição. Só se acontecesse a derrocada de um dos contendores, e mesmo assim há derrocadas e derrocadas, como foi evidenciado pela rouquidão de Jerónimo de Sousa no debate que antecedeu as legislativas de 2005! Não é expectável que isso aconteça num debate a este nível e este até foi sereno, civilizado e esclarecedor nalguns aspectos relevantes (TGV, por exemplo…), o que é bom para os eleitores e, do meu ponto de vista, favorece o PS. Manuela Ferreira Leite, como dirigente partidária, não tem um pensamento estruturado e por isso pode dar-se ao luxo de ensaiar uma espécie de errância propositiva que, convenhamos, não é fácil desmontar. Mas uma candidata a primeira-ministra não pode defender tudo e o seu contrário. Esta notícia recente é paradigmática do que acabo de escrever. Sócrates saiu vencedor do debate. Mostrou ser um dirigente político responsável, com domínio dos dossiers e com sentido de Estado. Julgo que é disso que os portugueses gostam. Manuela Ferreira Leite sobreviveu. Haja saúde!
MFL afirma que o principal legado do governo na educação foram as greves de professores. Por lapso, esqueceu-se dos manuais escolares gratuitos no ensino básico e secundário, a nova bolsa social de apoio a estudantes do secundário, a criação da disciplina de educação para a cidadania, a recuperação do parque escolar, o inglês para todos os alunos do ensino básico e a garantia de acesso de todos os alunos a um computador portátil. E qual foi o principal legado de MFL como ministra da educação?
[Acerca da privatização do Serviço Nacional de Saúde] "Pois, mas uma notícia da Lusa não me chega.". Terá chegado a entrevista ao Público?
MFL afirmou-se «solidária» com as resoluções dos conselhos de ministros que ela própria escreveu ou assinou. Foi o momento intimista do debate.
Afinal MFL devia ter discutido com MFL quando era ministra das finanças, quando era ministra da educação, quando era opinion maker ou quando era candidata a líder do PSD. Dão-se alvíssaras a quem conseguir entender a sua coerência.
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