O artigo do Alexandre Homem Cristo no Diário Económico de hoje podia ter sido escrito sobre o Estado Social de qualquer país da Europa Ocidental na década de 1950, 1960, 1970, 1980, ou 1990. Quem conhece um pouco o tema já sabe que este discurso tem mais de meio século. Ele é feito de uma retórica intemporal que dispensa, naturalmente, estatísticas, estimativas, a análise desagregada da despesa, etc..
Do ponto de vista da análise das políticas públicas de combate às desigualdades e à pobreza - da sua equidade, da sua eficácia, da sua sustentabilidade, etc. - é completamente irrelevante, não fosse o ruído e o preconceito (mesmo que com pedigree filosófico) que introduz na discussão.
Sobretudo, ignora o essencial: o Estado contemporâneo é, no universo da OCDE, cada mais "Estado Social" (ou seja, o peso das despesas sociais é hoje mais forte do que as despesas no sectores empresarial, militar, etc.). Por muito que custe a alguns, o "Estado Social" está para ficar e provou, no último quarto de século, ser reformável (veja-se a reforma do sistema de pensões realizado por este Governo e elogiada pela OCDE). Para ter isto em conta, porém, é preciso olhar para a realidade empírica e abandonar os discursos fechados sobre si próprios.