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SIMplex

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15
Set09

UM ANO

Eduardo Pitta

Faz hoje um ano que faliu o Lehman Brothers, arrastando consigo as economias ocidentais, afectando os oligarcas russos e pondo um fim abrupto ao paradigma de consumo dos últimos 20 anos. Só na UE, governos de todos os quadrantes foram obrigados a nacionalizar 60 bancos (um em Portugal). Dito de outro modo, faz hoje um ano que a crise se instalou de forma inequívoca. Não é todos os dias que, num passe de mágica, desaparecem trinta mil milhões de euros de fundos bolsistas. Os nossos netos vão ser obrigados a estudar o 15 de Setembro de 2008. Nós não precisamos de estudar. Estamos a senti-lo na pele.

 

Contudo, quem ouve os líderes do PSD, do BE, do PCP e do CDS-PP, fica com a sensação que a crise começou há poucos meses, e por responsabilidade directa de Sócrates. Um bocado de decoro não lhes ficava mal.

 

 

14
Ago09

Estímulos à Confiança...

Ana Paula Fitas

O crescimento do PIB em 0,3% no 2º trimestre de 2009 assinala a adequação das opções governamentais no que se refere à dinamização das políticas económicas que alcançaram, no contexto de uma complexa crise internacional e contra as expectativas dos "velhos do Restelo",  resultados capazes de reforçar a confiança indispensável à continuidade do esforço e do empenhamento de investidores e consumidores... registe-se ainda que Portugal integra, com as duas maiores economias europeias, a saber, alemã e a francesa, o restrito grupo de países que dá sinais de ultrapassagem da designada "recessão técnica" (ler mais em A Nossa Candeia).

21
Jul09

A relevância de uma escolha

Gonçalo Pires

Dizem-nos que devemos gostar do bom gestor, do tipo grave, sério e com ar competente. Gostamos que nos digam que não se deve confiar em políticos, mesmo que dito por aqueles que se candidatam a lugares políticos. Gostamos que nos convençam que deveremos ser um bom aluno da Europa e vamo-nos entretendo, neste fado lusitano, imitando os crescidos na piscina das crianças. Dizem-nos que a retoma virá, mas que, como manda a prudência, o melhor é continuar a viver dentro das nossas possibilidades. 

 

 

21
Jul09

Ousar governar

Porfírio Silva

Tem sido muito repetido que a crise internacional abanou fortemente a ortodoxia dominante. Que, curto e grosso, se resume ao "salve-se quem puder e vivam os vencedores". E esse abanão existe - e é salutar.

Não deixa de ser, contudo, menos certo que outras ortodoxias, vistas como menos dominantes por estes lados, também merecem cautelas. É que, apesar de ora arejarem os paletós e descerem à praça como se fossem os novos donos do reino, não ganharam na circunstância nenhuma legitimidade para tal. Pela simples razão de que a história mais recente, dos últimos meses ou anos, não deve fazer-nos esquecer as lições apenas um tudo nada menos recentes. Por exemplo, o fracasso das soluções centralistas e das visões que encarregam o Estado de tomar conta de tudo o que mexe. O que é o caso quando se sugere que certas empresas, dando lucro e pertencendo a sectores estratégicos, deviam "ser de todos" (c'est à dire, nacionalizadas) apenas por isso, como alguns sugeriram recentemente acerca da GALP e da EDP. Quando isso é puro esquecimento de que o mundo já mostrou ser mais complicado do que a cartilha promete.

É que, quem queira ousar governar, tem de saber evitar as armadilhas das ortodoxias fechadas - e não apenas das mais recentes. Para não nos acharmos, daqui a meio ano, suspensos sobre o nada e pendurados por frágeis lianas. Porque a pior esquerda do mundo continua a ser a esquerda que odeia os que tentam governar.

20
Jul09

Memória e o esquecimento.

Tomás Vasques

 

Quer queiramos quer não, a crise que nos bateu à porta, por via do sub-prime, e que atingiu em primeiro lugar o sistema financeiro antes da economia real, inédito em todas as crises anteriores (e foram mais de 30 nos últimos 250 anos), ainda está longe do seu fim. Mesmo que a actual crise já tivesse «batido no fundo», como alguns optimistas nos dizem, a experiência diz-nos que, a ser assim, ainda faltam quase dois anos para a economia real se recompor, o desemprego abrandar e o consumo reagir positivamente. Até lá é preciso governar atendendo às circunstâncias, sobretudo em matéria de investimento público e de sensibilidade social. Ora, quem não conhece as circunstâncias: o PSD, pela boca da sua líder, já demonstrou que está a leste de tudo isto, quando classificou esta crise – uma das mais profundas de sempre - como um «abalozinho» (e não nos venham exigir «interpretação especial» para as suas palavras, porque aqui há ignorância ou má-fé, e mais nada); quem não tem norte, nem rumo em relação ao investimento público; e, quem, quanto à sensibilidade social, não tem uma ideia, tendo a líder do PSD afirmado que «não há nenhuma medida anunciada por este Governo qual a qual discorde», governar significaria o desastre, sobretudo para quem mais sofre as consequências desta crise. A incapacidade de resposta por parte do PSD transforma-o num perigo para os portugueses, caso ganhasse as próximas legislativas. O desvario e as suas consequências seriam de tal ordem que, três meses depois, já estavam a dar o dito por não dito, e a proclamar que o «abolozinho» era, afinal, a maior crise dos últimos dois mil anos. Nós temos memória!