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SIMplex

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29
Jul09

Dos lugares-comuns

Sofia Loureiro dos Santos

 

Na realidade tenho consciência que digo lugares-comuns em relação a muita coisa, como política educativa, de imigração, energética, ambiental, e até de saúde, pois não é a mesma coisa ser-se operacional ou decisor. São os lugares-comuns que resultam daquilo que os cidadãos comuns pensam da vida colectiva, para além do seu estrito ciclo de relações pessoais e familiares e competências profissionais.

 

A educação é um assunto que importa a todos. A universalização do acesso ao ensino público que se massificou, principalmente desde 1974, foi um ganho indesmentível na alfabetização da população. Aumentou esmagadoramente o número de alunos e professores, foi-se ampliando a escolaridade obrigatória, infelizmente desacompanhada de uma proporcional melhoria e adequação dos currículos, da modernização do parque escolar, da exigência de formação e da diferenciação da profissão docente.

 

A sociedade modificou-se e as famílias não estão disponíveis para assegurar o acompanhamento das crianças e jovens, pedindo-se cada vez mais à escola e aos seus profissionais que assumam vários papéis, transformando-os em transmissores e avaliadores de competências e conhecimentos, psicólogos, médicos e assistentes sociais. Exigem-se polivalências mas não se disponibilizam verbas nem espaços para que elas funcionem. Não existem equipas multidisciplinares com representação destas profissões para que se possam desencadear acções preventivas, para que se possam acompanhar situações de instabilidade familiar ou social.

 

É urgente que se olhe para a escola como uma das bases essenciais do tecido social, no que diz respeito à aquisição de saberes, à socialização e à educação para a cidadania. É preciso dotar as escolas de meios que lhes permitam responder a estes desafios, que permitam a todos, independentemente da sua proveniência sócio económico cultural, terem oportunidade de se integrarem e adquirirem formação para a vida. Devem exigir-se disciplina, rigor, trabalho, competência, a professores e alunos, a quem elabora e a quem escolhe manuais escolares, às associações de pais, às autarquias. Devem adequar-se os meios tecnológicos, as bibliotecas, os ginásios, o ensino da música, da pintura, etc. Há muitas crianças e jovens que poderão contar apenas com os meios que a escola pública lhes oferece para as aprendizagens, socialização e formação.

 

O estado não pode ser o substituto da família mas é o garante do direito à educação; a escola pública é um dos melhores viveiros da democracia.

 

Nota: também aqui.
 

2 comentários

  • Nada do que disse aqui exclui o que disse no post anterior.

    Diferenciação da função docente é a existência de uma carreira que se estruture em vários graus, aos quais se possa aceder através da demonstração de aquisição de mais competências, funções e responsabilidades.

    Eu sou uma pessoa muito comum.
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