Limites do crescimento II
É fundamental reconhecer a relação entre os limites do crescimento económico e a capacidade de regeneração do planeta, resistindo à quimera da sacralização da tecnologia. Este momento é decisivo e existe um sério risco de destabilizarmos definitivamente o conjunto de equilíbrios complexos que regem a vida na terra.
Necessitamos de uma gestão sensível e cautelosa que evite ilusões sobre:
- A capacidade de carga do planeta;
- A devastação causada pelo Homem;
- O potencial regenerador da tecnologia;
- O custo de adiar o combate às alterações climáticas.
Uma interpretação mais radical defende que a sociedade ultrapassou o ponto de equilíbrio sustentável há muito e deverá regredir de forma controlada até uma situação de steady state. Penso que vale a pena reflectir sobre este tema enquadrado na perspectiva mais vasta de ecological economics.
Recorrendo à perigosa armada espanhola, que provoca suores frios ao PSD, deixo uma citação que é a melhor arma contra o miserabilismo da direita actual. De forma lúcida e poética, Eduardo Galeano - escritor e jornalista uruguaio - explica que a realidade não é um destino, mas um desafio:
“La utopía está en el horizonte. Camino dos pasos, ella se aleja dos pasos y el horizonte se corre diez pasos más allá. ¿Entonces para que sirve la utopía? Para eso, sirve para caminar.”
Penso que a utopia deste PS é reiventar um país com medo de existir, o que implica um doloroso processo de autonomização individual e responsabilização colectiva. As avaliações e as reformas, a lei da IVG, o apoio aos idosos, o aumento do salário mínimo, as uniões de facto e o casamento homossexual são exemplos de uma visão progressista de sociedade que procura conciliar a primazia da liberdade individual com uma base social forte e solidária. Neste vasto contexto, a aposta nas energias renováveis é apenas mais um passo na direcção correcta.