As coisas de Louçã
Louçã é dono de muitas coisas. É dono do seu Partido, é dono dos votos que o seu Partido recebe – aqui até estou de acordo porque os votos são de quem é votado até que os eleitores decidam entregá-los a outros – tem a pose de quem é dono das coisas dos princípios e da ética e agora ficámos a saber que também se julga dono das pessoas, pelo menos das que são ou já foram do Partido que é seu.
Se essas coisas que Louçã tem, ou julga ter, lhe escapam entre os dedos, então desvaloriza as coisas que tinha, ou julgava ter, e chega ao excesso de falar de tráfico de influências para se referir a pessoas que até aí, por serem do seu Partido, eram parte das coisas que Louçã tinha.
Se Portugal passasse a ser transgénico e tivesse Louçã como PM, imagina-se que todos nós passaríamos a ser coisas de Louçã, coisas a que ele faria encómios, caso lhe fossemos mansos, ou dispararia desconfiança de quem se vende por um punhado de moedas, se ensaiássemos a coisa da desobediência.
Coisas velhas, já vistas no século passado, numa altura em que não era permitido às coisas ter vida.