Contra a abstenção
Ontem acabaram os debates televisivos entre os líderes dos principais partidos políticos. Ao contrário do que esperava, pelo espartilho, pela forma e pelo tipo, foram muitíssimo interessantes.
Descontando a promoção feita pelas estações televisivas e rádios, como se estivessem a motivar as claques para os vários jogos de futebol, houve uma grande atenção aos debates, o que demonstra que as pessoas estão interessadas e preocupadas com o desfecho destas eleições, que estas eleições são sentidas como muito importantes, que há um regresso à disputa ideológica entre direita e esquerda tendo todos os protagonistas procurado explorar e acentuar os pontos de divergência.
Outro aspecto muito importante que esteve presente em toda a pré-campanha, antecedendo até estes meses eleitorais, foi a discussão da honestidade, do carácter, da seriedade e da credibilidade política dos líderes partidários e da forma como os seus partidos se posicionam em termos éticos, acentuado pela direita, mais precisamente pelo PSD. O distanciamento que Manuela Ferreira Leite pretende associar à política e aos políticos, colocando-se para além de todos os outros, numa imagem cara a Cavaco Silva e a outras personagens da nossa vida política, que insinuam e estendem a noção populista da desconfiança nessa coisa podre que é a política, não augura nada de bom, caso venha a triunfar.
Mas esse populismo foi também experimentado em grande escala pelo BE. Até nesse aspecto esta pré-campanha tem sido esclarecedora, pois desmontou a pose de superioridade moral da esquerda pura, grande e verdadeira, apocalíptica e solidária, imagem que se tinha colado à liderança de Francisco Louçã. Os episódios de Joana Amaral Dias e da concessão da auto-estrada do centro à Mota-Engil são apenas dois exemplos da forma de estar na política de Francisco Louçã.
Torna-se crucial que os partidos consigam mobilizar os cidadãos contra a abstenção. É indispensável que a participação cívica seja cada vez maior, mais animada, mais viva, mais discutida. À esquerda e à direita há que apelar ao voto. Não votar é colocar em causa a essência da própria democracia representativa.
Nota: Também aqui.