Um Debate Transparente...
O debate entre José Sócrates e Francisco Louçã tornou evidente a demagogia gratuita e confrangedora do programa eleitoral do Bloco de Esquerda que, para além de um diagnóstico conhecido de toda a gente e que tem, aliás, servido de base a todas as intervenções políticas e partidárias (do Governo ao PSD, do CDS ao BE, da CDU ao MEP e por aí adiante) e de uma enumeração de medidas também conhecidas dos portugueses desde o PREC, se caracteriza pela incapacidade de explicar os eixos sobre os quais assenta. Vejamos o que propõe, grosso modo, o programa eleitoral do BE através da sua problematização: a) onde vai o Estado encontrar fontes de financiamento para arrecadar receitas que lhe garantam sucesso na gestão das nacionalizações da banca, dos seguros e das empresas energéticas?; b) onde vai o Estado encontrar dinheiro para, além do referido na alínea anterior, suportar a Segurança Social, o Sistema Nacional de Saúde e o Ensino Público?; c) com que receitas pode o Estado, através da Caixa Geral de Depósitos, suportar a importação de créditos mal-parados de, por exemplo, um BPN?... De facto, o Bloco e o seu líder entusiasmaram-se na redacção de um documento sem viabilidade económica ou financeira que não é, de modo algum, uma alternativa política para o país. Por mérito próprio e pela sustentabilidade do programa eleitoral do Partido Socialista, ficou ontem claro, para os eleitores, que José Sócrates representa, de facto, sem aspirações a perfeições que só existem no imaginário e que apenas devem ter como função ser referenciais de acção, um projecto adequado ao estado da economia e da sociedade portuguesa no actual contexto de crise... o projecto da Esquerda possível no Portugal da 1ª década do século XXI.
(Este post tem publicação simultânea no A Nossa Candeia e no Público-Eleições 2009)