Saúde engripada
A pandemia de gripe A está a canibalizar toda a política de saúde. A 3 semanas das eleições legislativas a explicação do que foi feito durante 4 anos assim como o que ficou por fazer, a discussão das propostas para o futuro e as diferenças entre os programas deveriam estar na agenda do partido do governo.
Porque, ao contrário do que se tem repetido até à exaustão, mais uma vez pela santa aliança entre os partidos à direita e à esquerda do PS, foram iniciadas reformas importantíssimas na última legislatura.
A reforma dos cuidados primários é essencial para a reforma do SNS. Claro que todos os partidos estão de acordo em que se deveria ter feito mais. Mas a verdade é que foi feita alguma coisa com a criação das USF, que modifica a forma de organização existente nos Centros de Saúde, com aumento da multidisciplinaridade dos profissionais, alargamento de horários e de oferta de consultas, assistência ao domicílio e exames complementares de diagnóstico, reduzindo significativamente o número de utentes sem médico de família.
Iniciou-se uma urgentíssima reorganização e referenciação da rede das urgências hospitalares, bandeira única da demagogia e da manipulação das populações, mas que melhora objectivamente a igualdade de acesso a verdadeiros serviços de urgência, com concentração de escassos recursos humanos e técnicos e melhoria da qualidade de assistência médica. O mesmo foi feito com o fechamento das maternidades que não cumpriam os requisitos mínimos internacionalmente aceites, garantindo que as grávidas e os recém-nascidos tivessem uma assistência de qualidade, independentemente do local de residência e da sua capacidade económica.
O problema da não rentabilização dos recursos instalados nos Hospitais, com a implementação do controlo de assiduidade, com a clarificação das incompatibilidades entre o serviço público e privado, problema recorrente e que levanta sempre grande celeuma, foi um passo importantíssimo para a melhor utilização daquilo que é a capacidade do SNS.
A importantíssima decisão de alterar o regime das farmácias hospitalares, investindo mais na generalização da prescrição de genéricos, deve ser continuada com a implementação da prescrição por DCI e com a possibilidade de despensa de unidose.
Há muito a fazer em todos estes sectores e noutros. Era importante que os responsáveis do PS valorizassem o seu Ministério e explicassem as suas propostas, pois urge perceber que há mais problemas e mais projectos para além da pandemia de gripe A e seu combate.
Nota: Também aqui.