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SIMplex

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04
Set09

Manuela: ‘Eu não quero saber se há escutas ou não, eu não quero saber se há retaliações ou não, o que é grave é que as pessoas acham que há’ [1]

Miguel Abrantes

As mesmas impressões digitais



 

No caso das escutas, o Público disse que “fonte” não identificada da Presidência admitia ter “suspeitas” de que assessores do primeiro-ministro andavam pelas esquinas a ouvir as elaboradas conversas que se tinham em Belém. Repare-se no seguinte:

    • Não se diz quem do gabinete do primeiro-ministro possa ter escutado; e
    • O alegado escutado recusa-se a falar sobre o assunto.

A história era demasiado inverosímil para ser levada a sério. O país riu-se à gargalhada, os próprios “comentadores” de direita demarcaram-se de tão grosseiro embuste e o assunto morreu. Ontem, um novo embuste foi ensaiado com o Jornal de Negócios a fazer a seguinte manchete: “Gabinete de Sócrates acusado de ameaçar gestor do PSD”. Jorge Bleck, advogado, dirigente do PSD, designadamente no consulado de Marcelo, e actual vice-presidente de um instituto laranja, aparece agora, nas vésperas das eleições, a proclamar que Alexandre Relvas, outro dirigente laranja, havia sido intimidado para que “medisse bem” o que dizia… há mais de um ano. Repare-se no seguinte:

    • Uma vez mais, não se diz quem do gabinete do primeiro-ministro possa ter pressionado;
    • Também o alegado pressionado se recusa a falar sobre o assunto;
    • Se isso fosse verdade, tinha ocorrido há mais de um ano;
    • A técnica utilizada é exactamente a mesma das escutas — são lançadas falsidades, que nenhum dos visados confirma, e os alegados autores das pressões nunca são identificados.

Veja-se que Alexandre Relvas não é um soldado desconhecido do PSD. Foi ajudante de Cavaco, mais tarde director de logística da campanha de Cavaco à presidência e, com a Dr.ª Manuela, foi alçado à presidência do instituto laranja, tendo-se desdobrado desde então em intervenções públicas e entrevistas. Numa destas, contou até que é visita habitual de Cavaco, sendo por isso surpreendente que o Presidente da República, se um seu amigo muito próximo, a quem apelida de “o meu José Mourinho”, estivesse a ser pressionado por razões políticas se mantivesse em silêncio sobre o assunto... durante mais de um ano. Bem vistas as coisas, é como diz a Dr.ª Manuela: "Eu não quero saber se há escutas ou não, eu não quero saber se há retaliações ou não, o que é grave é que as pessoas acham que há". Não há melhor definição de “Política de Verdade”.

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