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SIMplex

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01
Ago09

Algumas contas antes de alguns refrescos

José Reis Santos

A recente sondagem da Marktest (com dados recolhidos telefonicamente entre 23 e 26 de Julho, e com um universo de 811 respostas válidas - dados daqui) apresentou os seguintes resultados:

 

PS: 35,5%
PSD: 34,2%
BE: 14,3%
CDU: 7,4%
CDS-PP: 4,4%
OBN: 4,2%

 

Algumas observações:

 

1. Tudo está em disputa. Nem PS nem PSD conseguem se destacar um do outro. 

2. BE destaca-se como terceiro partido no plano parlamentar português.

3. Os cenários pós-eleitorais resumem-se a três:

3.1. Governo minoritário monopartidário (PS ou PSD)

3.2. Bloco Central (PS + PSD = 70%)

3.3. Coligação maioritária à esquerda PS - BE (PS + BE = 50%)

4. Está afastada a hipótese de um governo de coligação maioritário à direita.

 

Claro que as sondagens valem o que valem. Eu estou inclusive convencido que a velha táctica utilizada por militantes ou simpatizantes do PC em não responderem a sondagens  (ou responderem que votam noutros partidos) se alargou ao CDS. É este, aliás, o combate político de ambos: vencerem as sondagens.

Sobre o BE, parece genuíno confirmar a dinâmica de crescimento que já patentearam nas últimas eleições europeias (e que levaram o Rui Tavares ao PE). Mas, recordemo-nos, também nessas eleições o BE aparecia nas sondagens com estes scores, baixando depois para os 10%. (corrigido) 

 

 

PS e PSD deixam tudo em aberto para a rentree. Resta saber que efeito o verão terá (será uma silly season convencional ou um verão quente?) e ver quem se apresentará em melhor forma.

Por outro lado, julgo claro que está afastada a hipótese de uma coligação à direita, enquanto que outra se apresenta como uma interessante alternativa (PS + BE). Com estes cenários, não acredito que a política vá a banhos, nesta época balnear.

01
Ago09

Da desnecessidade de programas eleitorais, no Jamais

André Couto

O Tiago Moreira Ramalho fez uma crítica ao facto de o PSD se preparar para apresentar o seu programa eleitoral em Setembro. Independentemente de concordar com o exposto pelo Tiago gabo-lhe a coragem e a frontalidade de o escrever no Jamais. Valoriza a sua postura enquanto blogger.

Surgiu logo João Gonçalves defendendo a opção da "Sra. das Pérolas" num post que cujo título qualifica os programas eleitorais como "perder de tempo".

Segundo o autor o Programa Eleitoral do Partido Socialista não existe para os eleitores, existe para "os jornalistas e os escreventes (...) que precisam de qualquer coisa para encher os jornais e as televisões em tempo de morna.". Mas não é suposto os programas eleitorais serem escrutinados pela comunicação social? Não é isso saudável e do mais elementar que a democracia tem?

Diz ainda que "Ferreira Leite tem todo o interesse em falar para o país - coisa diferente de o maçar com calhamaços demagógicos que ninguém lê e dos quais só se respiga o picaresco - quando o país estiver para aí virado. E só estará (...) em Setembro. Mesmo assim e com as criancinhas a entrar na escola e na gripe psicológica, nem sequer vale muito a pena esgotar a "pedagogia e a saliva. Para mais, depois do dia 27 tudo indica que ninguém vai poder aplicar o "seu" programa. Para quê perder tempo?".

 

Resta saber como pretende que se atinja o esclarecimento para boa tomada de decisão acerca do sentido de voto. Será a concretização psicológica do regresso aos tempos em que tal não era necessário?

01
Ago09

CLASSE-MÉDIA

Eduardo Pitta

Hugo Mendes demonstra, aqui (ver gráfico), que só 4,4% das famílias portuguesas estavam, em 2006, no grupo dos contribuintes cujo rendimento anual bruto se situava entre 50 mil e 100 mil euros. Esta verificação é importante. Se a nossa “classe média” corresponde a 4,4% da população (vamos supor que em 2009 serão 6%), o PSD anda preocupado com uma fatia muito pequena do eleitorado. É verdade que em Portugal sempre se confundiu “classe média”: no antigamente confundia-se com “famílias educadas”; hoje confunde-se com “poder de compra”. Adiante.

 

Sucede que o deputado Miguel Frasquilho, objecto do texto de Hugo Mendes, afirma: «uma família com cinco mil euros de rendimento mensal bruto fica rapidamente no último escalão do IRS, de 42% [...] muito elevado para os padrões europeus.» Eu acho que o deputado Frasquilho deve pensar que os leitores do Diário de Notícias são parvos. Um trabalhador por conta de outrem, com um salário mensal bruto de 5 mil euros, dependendo de vários factores, pode ser que seja taxado a 42%. Mas o rendimento anual bruto de uma família é outra coisa. O deputado Frasquilho é economista e não pode permitir-se truques desta natureza. Sobre “padrões europeus” nem é bom falar...

01
Ago09

Política de Aparências e Aparências de Política

Bruno Reis

A política também é feita de aparências. Negá-lo, seria negar o evidente. Sempre assim foi. Quem não gosta de propaganda política não deve ir a museus - cheios dela (todos aqueles retratos e bustos de reis não eram só para contemplação estética); não deve visitar Versailles (ou mais modestamente Mafra); deve recusar-se a assistir ao Casablanca.

 

É evidente que o PS teria a ganhar politicamente com o recrutamento de uma ex-dirigente do BE, Joana Amaral Dias, afastada (segundo a própria de forma surpreendente)  de cargos directivos no BE na sequência do seu apoio ao candidato presidencial do PS, Mário Soares.

 

Seria JAD pura política de aparências? Se JAD possui ou não currículo para cargos políticos é coisa que confesso, desconheço. Francisco Louçã deve conhecer melhor, e pelos vistos (supreendentemente) acha que não tem. Só um flagrante "tráfico de influência" poderia explicar segundo Louçã Indignado (claro) a sua sondagem/convite pelo PS. Aparentemente é nessa conta que JAD é tida pelo BE, de uma mera aparência política.  O que já não percebo é o que é levou o BE a convidar (formalmente) JAD para deputada pelo BE (que creio que foi - ver foto). E que lugar terá JAD no futuro do BE? Será interessante saber.

 

Que o PS devia ter sido mais claro sobre este assunto (menor) quando ele surgiu - desavergonhadamente ou não - em público, também me parece evidente.

 

O que (me) importa no meio de tudo isto, no entanto, é que quando o PS lança o seu Programa de Governo este ter sido acolhido com "desprezo" ( Público de ontem dixit). Ora desprezar um programa política em vez de o discutir é desprezar a democracia.

 

O desprezo pelo programa do PS de par com a atenção dada ao JADGate mostram que, se a política também é aparência, em Portugal parece que já chegámos ao estado preocupante em que parece que só as aparências são política.

01
Ago09

O ego da Joaninha salvou o PS

André Couto

Joana Amaral Dias (JAD) tem um ego necessitado de muitos olhos e penas a ele dedicados. Não é defeito, é um feitio criticável e louvável como qualquer outro.
Em entrevista à SIC reafirmou ontem o convite que lhe terá sido feito por Paulo Campos, Secretário de Estado das Obras Públicas. Repito então a pergunta que me surgiu há dias: porque não reagiu assim quando há dois anos foi convidada para ser mandatária da candidatura de Mário Soares?
Desde essa altura JAD desapareceu da vida do Bloco de Esquerda. O auge deste ocaso deu-se no último Congresso quando foi afastada da Mesa Nacional do Partido e, mais grave que isso, excluída a sua imagem dos vídeos que incessantemente passavam com a história do Bloco de Esquerda.
Não mais se vira JAD, mas eis que ressurge envolta em polémica, bem ao seu gosto. É a estrela do Verão político!
JAD foi sondada, felizmente. Orgulho-me que o Partido Socialista esteja activo na busca de mais valias independentes na Sociedade Civil. JAD apoiou Mário Soares contra o candidato do seu Partido, foi excluída da Mesa Nacional e raramente tem sido vista como rosto do Bloco de Esquerda. Há mal que seja sondada integrar as Listas do Partido Socialista?
Compreendo que em plena crise existencial a Joana tenha chegado ao pé do Francisco e dito: "Estás a ver! Não me queres nas Listas mas eles querem! Não tenhas cuidado, não...". O que queria é que a Joana e o Francisco compreendessem que o País não tem nada a ver com essas ciumeiras e muito menos com a crise de identidade de um Bloco que, consumido em questiúnculas internas e sem identidade própria una, vê fugir ou ameaçar de fuga os seus melhores quadros.
Felizmente JAD agiu desta forma. É que estou certo que o seu ego seria incompatível com o compromisso que o Partido Socialista lhe propunha. Mais tarde ou mais cedo daria asneira.

 

(Também no Delito de Opinião)

01
Ago09

Escolhas evidentes

Carlos Manuel Castro

Maioria defende coligação caso não haja maioria absoluta

 

De acordo com uma recente sondagem, os portugueses dizem, entrelinhas, que preferem estabilidade governativa, durante quatro anos, a um Governo sem condições de concretizar o seu programa, isto é, não ter apoio maioritário no Parlamento.

 

Assim, volta a equacionar-se, na possibilidade do vencedor de 27 de Setembro não ter maioria absoluta, o cenário de coligações pós-eleitorais. Se à direita é fácil haver entendimento, à esquerda tal não existe. PCP e BE não dão, nem querem dar qualquer contributo válido para o País, pois a responsabilidade de governar é um peso grande de mais para as suas posturas e causas, irresponsáveis e demagógicas.

 

Os portugueses vêem-se, por isso, confrontados com uma de duas opções evidentes no próximo dia 27 de Setembro, tendo em conta aquilo que querem para o futuro Governo de Portugal: ou votam no PS ou, então, no PPD ou CDS, que é indiferente.

 

Há quem entenda que o voto de protesto, legítimo, pode ser importante, mas qualquer voto no PCP ou no BE, em abono da verdade, apenas reforça a dupla Manuela Ferreira Leite/Paulo Portas. Será isso que os portugueses querem? O regresso a um passado recente cheio de trágicas e nocivas marcas para o País? 

01
Ago09

JAD, AGAIN

Eduardo Pitta

Sobre o caso Joana Amaral Dias disse o que pensava aqui e dei o assunto por arrumado. Mas ontem à noite a senhora foi ao Jornal das 9 (SIC Notícias) explicar-se. A avaliar pelo que tenho lido e ouvido, creio que passou despercebido a quase toda a gente um pormenor relevante da conversa entre Ana Lourenço e a ex-futura-candidata: entre o 1º e o 2º telefonema do sr. Campos, Joana Amaral Dias aconselhou-se com Mário Soares. Só depois recusou.

01
Ago09

IGUALDADE DE GÉNERO. Os discursos da testosterona?

Vera Santana

     Cito o programa do XVII Governo Constitucional para 2005 – 2009:

·         Reforço da participação política das mulheres em todas as esferas de decisão, cumprindo o artigo 109º da Constituição e estendendo o seu entendimento à economia e à inovação.
E chamo a atenção para a forma como as mulheres políticas continuam a ser tratadas nos discursos mediáticos, nos discursos quotidianos e, last but not least, nos discursos de reflexão e análise política. Para o verificar, não é preciso sair deste nosso blogue. Os ataques a Joana Amaral Dias (em quem eu nunca votei) e a Manuela Ferreira Leite (em quem eu nunca votei) deixam passar ora subrepticiamente ora explicitamente apreciações extra-políticas, localizadas num factor, a idade. A primeira por ser uma jovem, a segunda por não ser uma jovem.
Parece que o “reforço da participação política das mulheres em todas as esferas de decisão” causa muitos engulhos aos “homens em todas as esferas de decisão”. Não podendo impedir a entrada nas arenas políticas e de poder, a reacção a estas protagonistas situa-se, ao nível do discurso, em qualificativos referidos ao corpo e ao suposto sex-appeal (ou à sua suposta ausência) das mulheres-na-política - sexy e velha – a partir dos quais são simbolicamente anuladas as competências que deveriam ser objecto de análise, as competências políticas.
Dir-se-ia que o factor tempo incide fortemente nos corpos femininos das mulheres políticas, incapacitando-as para o exercício do poder político quer por serem jovens (demais?) quer por terem idade (a mais?). No entanto, o tempo parece não se constituir como um factor que, incidindo nos corpos masculinos, os incapacita para o exercício do poder político. Muito pelo contrário, um jovem político “tem garra”, um político menos jovem tem “sabedoria e experiência”. O tempo de duração na vida política é outro factor a pesar na longevidade da permanência no campo político, se de uma mulher se tratar. De Helena Roseta disse-se - aquando do pacto com António Costa - estar gasta (na política? na vida? ou na política porque na vida?).
Falo de discursos e de rastos e restos de violência simbólica neles contida. Das práticas direi de minha justiça num outro post. Como não acredito na imutabilidade dos comportamentos humanos - imutabilidade baseada em correntes de pensamento vindas da sociobiologia -  quero crer que estes "discursos da testosterona" o não são. Serão, sim, produtos de "habitus" incorporados por processos de socialização que se reproduzem de geração em geração.  
01
Ago09

Perdoa-me (versão "feira popular")

Rogério Costa Pereira

Afinal, e segundo a própria, não terá sido José Sócrates a convidar Joana Amaral Dias (e eu que tinha ficado com  a ideia - é do cansaço! - que Louçã tinha dito/insinuado isso). Fazendo fé no que disse a Joana, o "convite" partiu de alguém com quem só tinha falado uma vez. Curiosamente, esse alguém não era nenhuma das três pessoas com poder para tal - refiro-me à autorização para convidar independentes ou não militantes. Terá sido uma mera sondagem por conta própria? Talvez, mesmo porque se a Joana "interessasse" (coisa, aliás, normal em democracia), o convite chegaria por outras vias (a não ser que Sócrates tivesse ensandecido e, via Paulo Campos, se atirasse de cabeça). À Joana nada disso interessa, o que faz fé em juízo (no dela) é que o PS está a tentar laçar à esquerda. E ela, convidada que foi - ninguém duvide! -, com a mesma coragem que apoiou Soares, recusou Sócrates. A gente aplaude e delicia-se com o "perdoa-me" em directo. Só faltou o "ofendido", naquele seu tom definitivo, vir perdoar em directo a pupila desavinda. O moral da estorieta é demasiado óbvio: trata-se do Bloco na versão "feira popular" - e se esta coisa dá votos.

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