Irresponsabilidade segundo Ferreira Leite
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A medida dos 200 euros é estapafúrdia e ineficaz. Pior: parece ter sido tomada porque sim, sem qualquer tipo de lógica que não a de atirar uns dinheiritos para o ar. Ou seja, é eleitoralismo puro e duro - e merece ser criticada por isso. Apesar das críticas, a Rua Direita propõe alternativas que me parecem positivas:
"A atribuição de vantagens financeiras, como aqui já se deixou sublinhado e o CDS consistentemente vem defendendo, não será sequer o principal meio de incentivo à natalidade. Na verdade, porventura mais importante, será, por exemplo, a rigidez do mercado de trabalho e a paupérrima cobertura de creches." Concordo. Mas, curiosamente, e apesar dos 200 euros, o PS, ao longo desta legislatura, tem procurado fazer exactamente aquilo que o CDS sugere. Por um lado, temos as várias medidas que constam do Código do Trabalho, como alargamento da licença parental; por outro, temos o investimento no crescimento da rede pré-escolar. Folgo em saber que o CDS aplaude o que o PS tem feito nesta área. O CDS quererá mais, mas, aparentemente, não quer diferente.
A gestão do Estado não é fácil. Muito pelo contrário. É, cada vez mais, um processo complexo e muito dependente de factores não controláveis por quem exerce o poder. Não só muitos dos tradicionais instrumentos de gestão são hoje extra-nacionais, como a capacidade de recrutamento eficaz e eficiente deixa a desejar. As razões são diversas (económicas, políticas, culturais), e não serão aqui tratadas.
Mesmo assim, com estas condicionantes, há que ter ou desenvolver um culto de exigência na selecção de responsáveis para a ocupação de lugares no Estado. Da mesma forma, quem é seleccionado para a nobre função de servir o Estado, o País e o seu Povo, tem de estar à altura das suas responsabilidades. Tudo isto a propósito das ultimas declarações do Presidente do Instituto Português do Sangue. São inadmissíveis em qualquer cidadão informado e intoleráveis em quem ocupa o lugar que ocupa.
Recentemente tive a oportunidade de perguntar directamente ao José Sócrates a sua leitura das recentes intervenções de Gabriel Olim, que me respondeu, na célebre BlogConf, que as ia averiguar. Eu questiono: o que é mais preciso averiguar para demitir esse senhor? Estas recentes pérolas?
Como se entende, subscrevo na íntegra os recentes textos do Miguel e do João (aqui e aqui). Que se demita quem não a capacidade e a construção cultural e cívica de estar na gerência de organismos do Estado, de instituições públicas com as imputações das do Instituto Português do Sangue. Naturalmente o governo tem de tomar posição neste assunto. Só não entendo porque não foi esse senhor escrutinado antes de ter ido nomeado.
A entrevista do senhor Olim ao jornal i foi publicada esta manhã. Quanto tempo é que o PS vai esperar até tomar uma posição?
Façam comigo o seguinte roteiro:
1. Entrem em www.psd.pt;
2. Cliquem no primeiro link, o que providência entrada directa no famoso "Gabinete de Estudos"; 3. De seguida abram o fruto único desse Gabinete, "Desafios para Portugal em 2009";
4. Contem das 39 páginas que compõe este paupérrimo documento, quantas são dedicadas às questões sociais.
Ok! Eu sou amigo, poupo trabalho e amanso a Vossa curiosidade.
O documento único do Gabinete de Estudos do PSD dedica 2 páginas em 39 às questões sociais. Dois miseráveis gráficos sem uma única legenda, palavra ou proposta.
Assim era em Fevereiro e assim é hoje o PSD na sua essência, na sua Política de Verdade.
A Dra. Manuela Ferreira Leite, regressou hoje à casa de partida denunciando "uma quase perseguição social dos ricos", criticando a ainda a ideia de se lhes "retirar determinado tipo de benefícios". Não há mais preocupações sociais, não há mais preocupações com as PMEs. Desgraçadinhos dos ricos, agora. Ou então tem o coração grande estando muito preocupada com todos, tendo soluções para tudo dentro dos recursos limitados que existem...
O CDS-PP encheu as ruas com outdoors onde se lê: «Porque é que os criminosos têm mais direitos que os polícias?» É por estas e por outras que convém saber quem é que os partidos, antes das eleições, propõem para um conjunto de ministérios-chave: Administração Interna, Justiça, Educação, Saúde, Finanças, Economia (esta meia dúzia é central). O CDS-PP, por exemplo, quem é que gostaria de ver a mandar nas polícias?
A oposição anda desde Março de 2005 a alimentar o populismo mais desenfreado, aplaudindo, recentemente, a cena dos bonés da polícia. Só agora é que lhes deu para a autoridade do Estado?
O programa do PS refere explicitamente três medidas na área mais directamente relacionada com os direitos LGBT: uma Lei da Igualdade, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, e o combate à discriminação com base na orientação sexual e na identidade de género. Trata-se de uma evolução notável. Quem imaginaria isto há 10 anos, há 5, ou mesmo a 10 de Outubro de 2008? De um ponto de vista histórico e sociológico não tenho a mínima dúvida de que isto se deve sobretudo à acção e visibilidade do movimento LGBT, e à influência europeia e internacional.
Foram elas que fizeram com que outros partidos, antes do PS, subscrevessem a agenda do movimento. Fizeram-no antes? Sim, sem dúvida. Agiram bem ao fazê-lo? Sim, sem dúvida (nem eu poderia dizer outra coisa, com as responsabilidades que nisso tive). A razão por que celebro a entrada destas questões no programa do PS é porque é óbvio que é mais fácil a subscrição da agenda LGBT por partidos mais pequenos e mais no extremo do espectro político. Mais fácil não significa menos meritório: significa apenas que o PS, enquanto partido grande e de governo, vê-se confrontado com a necessidade de conciliar interesses e demandas muito diversas e contraditórias – e desde logo no seu interior. Mas era fundamental que a agenda LGBT entrasse na área da governação - da aprovação e aplicação efectiva das políticas - como é fundamental que um partido da esquerda e da democracia assuma que o combate à discriminação e a defesa da igualdade não são negociáveis.
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