O grande salto em frente do ensino profissional
Foi anunciado, recentemente, pelo 1º ministro que no próximo ano lectivo a oferta de “cursos profissionais” alcançará o número recorde de 125 mil vagas. Trata-se, certamente, da oferta conjunta - sistema público e privado - de ensino profissional a partir do 10º ano de escolaridade representando cerca de 50% do total de vagas do secundário.
A notícia passou mais ou menos despercebida mas é da maior relevância na estratégia do desenvolvimento da educação em Portugal. Eu próprio estive associado, em funções técnicas - nos idos de 1989 - ao relançamento do “ensino profissional” em Portugal, quase a partir do zero.
Trabalhei e reflecti acerca do tema que, apesar de complexo, na sua essência, não dá margem para grandes especulações. O que aconteceu de novo, nos últimos 4 anos, permitindo este grande salto em frente?
A resposta é simples: a abertura em força de cursos profissionais na escola pública. Com mais ou menos dificuldades, mais ou menos resistências, a escola pública, por decisão política do governo socialista, reassumiu a oferta do ensino profissional.
Em boa hora decidiu o governo romper com uma espécie de inércia que dava asas àquele tipo de discurso saudosista: “no tempo das escolas técnicas é que era bom!”
A nova oferta de cursos profissionais foi crescendo gradualmente aproximando-se da meta estabelecida pela União Europeia: 50% dos alunos do ensino secundário em cursos profissionais.
Alcançar esta meta representa um grande sucesso para o país por diversas razões:
1- Permite uma maior liberdade de escolha para os alunos;
2- Fomenta a efectiva aproximação da formação escolar ao mundo do trabalho;
3- Contribui para combater, de forma eficaz, o abandono e insucesso escolares;
4- Dá satisfação a uma aspiração profunda, e antiga, das famílias e das comunidades.
O governo cumpriu, no essencial, um dos compromissos mais importantes da reforma da educação a que se tinha proposto. Este é um dos muitos casos em que a obra feita não é notícia! Acerca do tema escrevi aqui, aqui e aqui.