O Bloco de Esquerda vai recolhendo algumas vantagens com a velha receita reaccionária das posições contra a política e os políticos. Com mais charme do que o caquético PC, o Bloco vai crescendo por via do negativismo e de uma capacidade de dizer mal que fascina gente confusa, sem verdadeira orientação política e, em grande medida, bastante ignorante e irresponsável quanto às consequências dos actos cívicos em democracia. Quantos dos seus eleitores são realmente tão radicalmente contra a Europa? Quantos acreditam mesmo que se deve tudo subsidiar e tudo financiar? Quantos defendem, de facto, que Portugal deve enveredar por um regresso civilizacional e excluir a excelência, a escala, a modernização e a inovação tecnológica?
O Bloco ilude-se com o seu sucesso conjuntural. Mas, na verdade, e vendo bem o efectivo apoio social que tem, trata-se de um fenómeno semelhante ao PRD. Vai esfumar-se ao primeiro abanão da pequena história.
De momento, presta-se para já ao sujo serviço de tudo fazer para que o PSD regresse ao poder.