Uma questão de argumentos
É claro que é próprio dos blogues dar-se largas à chamada conversa de café, que aliás deixou de existir e migrou para a Internet. Isto é, aquele comentário do momento, estapafúrdio, demagógico, nada fundamentado. Não tem mal, faz parte da vida e é muito positivo que existe um espaço de liberdade para o exprimir.
Outra coisa, contudo, são os argumentos políticos para defender uma causa ou uma opção. E aí os comentários dos blogues raramente têm alguma utilidade. Para além do insulto – em si mesmo irrelevante já que só é insultado quem quer –, estamos perante argumentos do tipo “quanto é que te pagam” ou “estás ao serviço de quem”? Ou seja, não se reconhece que uma pessoa possa defender um partido, um governo, um primeiro-ministro, simplesmente porque acha que, no contexto actual, eles representam aquilo que é melhor para o país.
Há pois e claramente, nesta fauna dos blogues, uma maioria de pessoas impreparada para a democracia e para uma sociedade evoluída. Por mim não me incomodam nada, mas tenho pena que não exista mais gente inteligente para que se possa dar uma discussão séria e profunda sobre a nossa sociedade e os seus caminhos futuros. Não vejo aliás da parte da direita e da extrema-esquerda grandes argumentos nesse sentido. Vejo sim o bota-abaixo, o dizer mal, o ódio mesmo, mas pouca coisa sobre ideias que possam melhorar a nossa vida colectiva. É, aliás, só isso que me leva a apoiar o PS e sobretudo José Sócrates e o que ele representa como determinação em modernizar Portugal. Mas isso é capaz de ser difícil de entender por certas mentes mais dadas ao superficial.