Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

SIMplex

SIMplex

25
Set09

Domingo, às 19 horas e picos . . .

Vera Santana

. . .  os portugueses e as portuguesas terão exercido o direito de eleger representantes para a Assembleia da República ao longo do dia e os resultados provisórios começarão a ser conhecidos.

 

Recordo a longa noite democrática, na Fundação Calouste Gulbenkian, em que eramos muito jovens e esperávamos pelos resultados do 1º sufrágio livre. Estive lá, na sala da Imprensa, onde vivi com emoção esse primeiro escrutínio.

 

Hoje, a democracia continua a passar por aqui, pela eleição de representantes, mas passa também pelo exercício diário dos poderes, dos direitos e dos deveres que cada um tem, nos locais de trabalho e nos espaços públicos. Passa pelo diálogo e pela negociação do possível, enquadrados sempre por princípios. Este novo espaço público e virtual, de liberdade de expressão - o SIMpleX -  deu-me a possibilidade de dialogar com muitas pessoas que não conheço - os/as muitos/as comentadores/as que reagiram aos "posts" -cuja disponibilidade para participar e  força para argumentar, tantas vezes no sentido inverso ao das minhas ideias, fiquei a admirar profundamente!

 

A noite de dia 27 de Setembro de 2009 será curta, muito curta, ao contrário da 1ª noite de eleições em  Portugal. Muitos de nós já não somos jovens mas a expectativa, nestas eleições, é enorme. Sejam quais forem os resultados, há muito caminho a percorrer. Quotidianamente e em diálogo.

19
Set09

IGUALDADE DE GÉNERO (II)

Vera Santana

 

 

The Portuguese Socialist Party, first winner of the PACE Gender Equality Prize

Strasbourg, 08.09.2009

 

The Committee on Equal Opportunities of the Parliamentary Assembly of the Council of Europe (PACE) today designated the three winners of the PACE Gender Equality Prize. The first winner is the Portuguese Socialist Party, Partido Socialista, followed by the British Labour Party and Swedish left-wing party Vänsterpartiet. All three were rewarded for the steps they had taken to significantly improve women’s participation in their parties or in the elected assemblies of their respective countries.

The jury, comprising Lena Hjelm-Wallén (Chair, Sweden), Leena Linnainmaa (Finland) and Dubravka Šimonović (Croatia), had shortlisted six candidates. Lluís Maria de Puig, PACE President, will present the Equality Prize on 30 September 2009 at a ceremony to be held during the autumn session of the Assembly (28 September-2 October).

 

19
Set09

IGUALDADE DE GÉNERO (I)

Vera Santana

 

Gender Equality Prize to encourage

parity in politics

   

 

The PACE Gender Equality Prize will be awarded every five years in recognition of completed or current action, schemes or initiatives by political parties that have significantly improved in women’s participation in elected assemblies, political parties and their respective executives. Women still only account for less than 20% of members of parliament in nearly half of the 47 Council of Europe member countries. For more information on the Prize and the jury, please go to:

 

 

 

13
Set09

Os não-lugares

Vera Santana

Em Julho escrevi no SIMpleX um post invocando um clássico de quem gosto, Max Weber. Hoje volto-me de novo para o ensaio "A Política como vocação", desse autor, não para dar "indicação de voto" mas para percorrer dois caminhos - que começam por ser paralelos e acabam num ponto único - permitindo tomar opções.

 

O caminho da ética da convicção leva-me ao lugar que é o Partido Socialista. É o meu espaço ideológico, aquele onde se encontram as possibilidades de "actualizar" a igualdade, a liberdade e a solidariedade. Não há, no sistema partidário português, nenhum outro lugar onde estes três factores elementares da vida individual e colectiva se possam tornar realidade, de um modo justo.

 

11
Set09

Os 9/11

Vera Santana

Um testemunho pessoal

 

Por duas vezes, a 11 de Setembro, o mundo pula e transforma-se. Foi em 1973, com o fim absoluto do socialista Allende, foi em 2001 com a implosão de duas Torres Gémeas e o espectacular eclodir  de um conflito latente. Em 1973 senti-me socialista. Em 2001 senti-me ocidental.

 

De 2001 para cá, à porta de entrada do século XXI, nada ficou igual.

09
Set09

O Raposão Francisco Louçã

Vera Santana

 

Maître Corbeau, sur un arbre perché,
Tenait en son bec un fromage.
Maître Renard, par l'odeur alléché,
Lui tint à peu près ce langage :
"Hé ! bonjour, Monsieur du Corbeau.
Que vous êtes joli ! que vous me semblez beau !
Sans mentir, si votre ramage
Se rapporte à votre plumage,
Vous êtes le Phénix des hôtes de ces bois. "
A ces mots le Corbeau ne se sent pas de joie ;
Et pour montrer sa belle voix,
Il ouvre un large bec, laisse tomber sa proie.
Le Renard s'en saisit, et dit : "Mon bon Monsieur,
Apprenez que tout flatteur
Vit aux dépens de celui qui l'écoute :
Cette leçon vaut bien un fromage, sans doute
. "
Le Corbeau, honteux et confus,
Jura, mais un peu tard, qu'on ne l'y prendrait plus.
 
 
E assim, o parvo do Corvo entregou o queijo (leia-se o voto) nas patas do Raposão manhoso.
 
Porque o  Raposão Francisco Louçã mexe com a utopia que há dentro de nós, fazendo cócegas nos egos de quem acredita que pode mudar de repente a sociedade e fazer do  mundo - com uma cartilha na mão -  un endroit de "bonheur permanent", porque acredita na cartilha, porque tem fé na revolução que não aconteceu.
 
Não vamos dar o queijo/voto ao Raposão Francisco! Já aprendemos a lição!
06
Set09

Pequeno post dominical na perspectiva do estrangeiro

Vera Santana

Consideram umas pessoas minhas amigas e semi-estrangeiras que o Primeiro Ministro português, José Sócrates, tem demonstrado ser alguém que quer fazer, que quer mudar Portugal e que o tem feito no sentido de modernizar e de desenvolver o País.

 

Considero eu importante ouvir a voz do "outro", do estrangeiro, sobre Portugal. Não porque esteja mais ou melhor informado mas porque está informado de outra maneira e transporta na voz a proximidade e a distância e um sentir desinteressado interessado.

 

Simmel definiu a singularidade da figura do estrangeiro como expressão de unidade de duas diferenças e/ou contrários; ao mesmo tempo que está à margem, a figura social em questão sente e instala-se na sociedade de acolhimento. Entre rejeição e integração, proximidade e distância, participação e observação, o estrangeiro, na sua singularidade, representa “o outro”, o que vive entre fronteiras simbólico-sociais.

 

Relembro as gostosas crónicas de Miguel Esteves Cardoso, há muitos anos atrás, quando voltou para Portugal, como um semi-estrangeiro, e via o que nós viamos todos os dias sem ver.

06
Set09

Pequeno post dominical numa perspectiva de género

Vera Santana

Género e poder

 

Lamento que a Manuela Moura Guedes, que foi uma profissional do jornalismo há uns anos atrás, se tenha tornado na esposa_de_um_Director_que_lhe_deu_um_programa. É triste ver uma mulher que se desautonomiza na maturidade. É triste ver jogos de casais quer em grandes empresas que não são "propriamente" empresas familiares - nestas, sim, pode e deve estar uma família inteira e intergeracional que  ama a empresa tantas vezes construída por  várias gerações - quer em instituições com uma vertente de serviço público. Estou a pensar em instituições de ensino, de saúde e outras, e, repito, com uma vertente de serviço público e frequentemente beneficiárias de dinheiros públicos (de subsídios, empréstimos a fundo perdido, etc). Em algumas destas instituições a democracia ficou à porta porque todo/a/s consentem e calam, porque o exercício da democracia seria inconveniente para  interesses institucionais entretanto enviesados, porque - tantas vezes! - os poderes se instalam e reproduzem, qual polvos virando costas ao interesse público que deveriam servir.

 

É sobretudo dentro das organizações de trabalho e de ensino - de muitas - que falta o pleno exercício democrático. Porque os abusos de poder se quedam, mudos, no seio das organizações e por entre os nós dos pequenos e não tão pequenos chefes, tantas vezes com insuficiente formação . Porque as organizações sindicais se preocupam pouco com o exercício efectivo - i.e, ao alcance de todos e de cada um - da democracia interna dentro das organizações laborais. Porque as organizações sindicais deveriam preocupar-se mais com a igualdade de oportunidades (de género e outras) de cada um/a dentro das organizações laborais.

 

Por tudo isto, lamento a imagem dada por uma mulher - Manuela Moura Guedes - que,  na idade madura e por interesses pessoais, materiais e de estatuto social,  se auto-reduziu a esposa_de_um_Director_que_lhe_deu _um_programa.

 

 

Os locus privilegiados dos abusos de poder

 

Na minha opinião, o abuso de poder está menos nas instituições políticas, onde existe controlo por parte da opinião pública, e mais em organizações que escapam  a esse controlo. No caso da TVI, o abuso de poder do casal Moniz/Guedes veio a público "por definição": por se tratar de uma empresa de comunicação de massas, por onde passa a opinião pública; por terem os interesses pessoais do casal Moniz/Guedes deixado - algures no tempo  - de corresponder aos objectivos da organização-empresa.

 


O Filósofo Gil, o não-filósofo Sócrates e um Suave Milagre

 

Finalizo afirmando estar, pelo menos num aspecto, totalmente em desacordo com o filósofo Gil que considera que o autoritarismo do actual Primeiro Ministro se propagou a toda a sociedade. Considero, inversamente, que há ainda muito autoritarismo na sociedade independentemente da "côr do Governo", nomeadamente dentro das organizações; a reprodução social de práticas verifica-se muito para além do que julgaríamos e muito para além das motivações originais  e, sobretudo, ao longo de muitos anos. Não seria possível, nem numa férrea ditadura, impôr novos comportamentos - autoritários - a uma sociedade aberta, democrática, informada, europeia.  Seria mesmo "Um Suave Milagre" algum ser humano conseguir um tal feito em 4,5 anos!  

 

O confronto com formas de autoritarismo está, por um lado, nas mãos e na voz de cada um de nós, no quotidiano, nos locais de trabalho, na rua e nas análises e apreciações que fazemos, para além dos slogans e das palavras de ordem simplificadores das realidades e castradores das mentes e das liberdades e, por outro lado, na prossecução vigilante daquilo que são os serviços públicos.

03
Set09

Quem avisa, Amigo/a é (2)

Vera Santana

 

EM RESPOSTA AOS COMENTÁRIOS AO POST  "Quem avisa, Amigo/a é"
 
I. Com a frase “Independentemente da impossibilidade de a Escola voltar a funcionar a tempo parcial” estou, em primeiro lugar, a identificar a fonte do descontentamento dos professores, a saber, a institucionalização da Escola a tempo integral e a impossibilidade da sua desinstitucionalização. Esta é inviável, na medida em que o trabalho feminino é desde há muito uma realidade (mais expressiva em Portugal do que em muitos outros países europeus), os avós -  e sobretudo as avós - se encontram ainda na vida activa aquando do início da escolarização dos netos, as qualificações femininas são cada vez mais elevadas – o que leva a um maior desejo de aplicar os saberes adquiridos - e, simultaneamente, muitas mães trabalham não apenas pelo prazer de exercerem uma profissão mas frequentemente porque o salário feminino é, para as famílias portuguesas, uma necessidade familiar e não um suplemento .
Em segundo lugar estou a sublinhar que a fonte de descontentamento do grupo sócio-profissional dos Professores se tornou num permanente conflito latente, i.e., não expresso por sindicatos e por professores, dada a impossibilidade absoluta de o resolver, seja por parte do Ministério da Educação (qualquer que seja a filosofia educativa) voltando à Escola a tempo parcial, seja por parte dos Professores aceitando plenamente a mudança na sociedade portuguesa que levou à inexorabilidade da Escola a tempo integral.