Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

SIMplex

SIMplex

19
Set09

Luz

Leonel Moura

Duas coisas vão ficando muito claras nesta campanha.
A primeira é que o PSD de Manuela Ferreira Leite se tornou num partido ideologicamente à direita do CDS. As declarações com sabor a extrema-direita não param de suceder.
A segunda é que, a cada dia que passa, mais o Bloco de Esquerda revela aquilo que na realidade sempre foi e é. Uma clique de excitados agitadores políticos, mas muito conservadores no que respeita à vidinha.

 

 

06
Set09

Asfixias

Leonel Moura

Há uma coisa que não posso deixar de dizer sobre esta ideia da asfixia democrática. Não sou militante do PS, sou assumidamente libertário, vulgo anarquista, com um comportamento e até alguns livros publicados sobre o assunto. Como artista preciso do máximo de liberdade, sob o risco de não conseguir desenvolver uma actividade e, já agora, uma ambição que está por sua natureza para além das convenções e daquilo que é aceite.

Do que conheço, e já conheço alguma coisa, nem o PS enquanto organização, nem a vasta maioria dos socialistas com quem me fui cruzando nas curvas da vida, alguma vez reagiram mal à minha condição de artista e anarca. Pelo contrário, nunca vi um partido mais aberto à diferença, mais tolerante, mais empenhado nas novas coisas e nas novas ideias. Há comprovadamente uma cultura da liberdade instalada no PS que não vejo nos outros partidos, da direita ou da dita esquerda, salvo rarissimas excepções. Há, para além disso, neste PS de Sócrates uma genuína vontade de acompanhar o que efectivamente vai fazendo o mundo de hoje e do futuro. Uma abertura, uma ambição, uma respiração que só pode favorecer o país e os portugueses. Não encontro isso em mais partido nenhum. Confirmo sim, todos os dias, a asfixia do medo, do conservadorismo, da demagogia.

Por isso sobre asfixias estamos conversados.

 

04
Set09

Medida urgente

Leonel Moura

A história da TVI não pode deixar de ter consequências. A partir deste episódio jornalistas, comentadores e órgãos de informação têm de passar a declarar as suas opções partidárias ou, no caso, a sua assumida e comprovada independência. Realmente escandaloso é ver comentadores, jornalistas, jornais, televisões e outros meios de comunicação fingirem que são isentos quando na verdade estão em permanente campanha. Porque se Manuela Moura Guedes e a TVI tivessem assumido que são a favor do CDS e do PSD e usam a informação para combater o PS, não haveria qualquer problema. Acontece em Espanha, acontece nos Estados Unidos, acontece noutros países.

Portugal entrou definitivamente no terreno do nefasto conluio entre política e informação. É preciso introduzir alguns mecanismos de esclarecimento. A declaração de interesses é não só fundamental do ponto de vista ético e político como uma exigência de salubridade pública.

04
Set09

A asfixia demagógica

Leonel Moura

Esta é a campanha eleitoral mais suja da história da nossa democracia. E é de esperar mais nojeira nas próximas semanas. O estratagema é simples. À falta de argumentos as oposições, todas elas, inundam o debate político de acusações, mentiras, insinuações, intrigas, numa verdadeira onda demagógica que tudo e todos vai envolvendo. Os media servem de caixa de amplificação.

Portugal vive assim num estado de asfixia demagógica que impede a discussão séria sobre qualquer assunto. Por isso, o PS e todos os que o apoiam devem manter a lucidez e a serenidade e não responder à histeria que se instalou na política portuguesa. Também aí se marcará a diferença entre o partido que pensa no desenvolvimento do país e os que só pensam em lançar novas campanhas de fanatismo e ódio.

30
Ago09

É este o homem?

Leonel Moura

Tive a paciência de ouvir o discurso de Francisco Louçã na rentrée do Bloco. A grande maioria do tempo foi ocupado com historietas a casa de banho de Loureiro, os contentores de Alcântara, os milhões desbaratados do BPN, a venda da casa de Damásio, as parvoíces da Nogueira Pinto, enfim. É este o homem que vai reconstruir a esquerda em Portugal? Um entertainer? Um cómico político?

De ideias ficou o ódio aos ricos e a defesa dos pobres. É pouco. Infelizmente Portugal tem muita miséria, mas felizmente é muito mais do que isso. O país real não é só pobreza, é sobretudo, na sua maioria, uma sociedade avançada que quer mais, melhor e evoluir positivamente.

Na minha modesta opinião o Bloco só é efectivamente concorrencial com as Misericórdias. Até no linguajar de seminarista de Louçã.

29
Ago09

A grande ilusão

Leonel Moura

O Bloco de Esquerda vai recolhendo algumas vantagens com a velha receita reaccionária das posições contra a política e os políticos. Com mais charme do que o caquético PC, o Bloco vai crescendo por via do negativismo e de uma capacidade de dizer mal que fascina gente confusa, sem verdadeira orientação política e, em grande medida, bastante ignorante e irresponsável quanto às consequências dos actos cívicos em democracia. Quantos dos seus eleitores são realmente tão radicalmente contra a Europa? Quantos acreditam mesmo que se deve tudo subsidiar e tudo financiar? Quantos defendem, de facto, que Portugal deve enveredar por um regresso civilizacional e excluir a excelência, a escala, a modernização e a inovação tecnológica?

O Bloco ilude-se com o seu sucesso conjuntural. Mas, na verdade, e vendo bem o efectivo apoio social que tem, trata-se de um fenómeno semelhante ao PRD. Vai esfumar-se ao primeiro abanão da pequena história.

De momento, presta-se para já ao sujo serviço de tudo fazer para que o PSD regresse ao poder.

27
Ago09

Política sem ética

Leonel Moura

Segundo Paulo Rangel, deputado europeu e destacado membro da direcção do PSD, não se deve confundir a política e a ética. Esta surpreendente afirmação, derivada do combate interno contra Marques Mendes, é reveladora do estado de degradação política e mental a que chegou o actual PSD.

Baseando-se em Maquiavel, esse eterno recurso do primarismo político, Rangel afirma que a política é autónoma da ética. Ou seja, a política teria uma lógica própria – a da conquista e manutenção do poder –, que levaria à prática de actos e tomadas de decisão independentemente dos aspectos éticos envolvidos. O que implicaria tanto a inclusão nas listas para deputados de acusados por crimes de corrupção, quanto, por exemplo, o recurso à tortura e ao assassínio, tal como aconteceu recentemente nos Estados Unidos sob a Presidência Bush. Uma vez que se separe a ética da política onde fica a fronteira entre o aceitável e o condenável?

Rangel parece não ter entendido que a democracia moderna se caracteriza precisamente por uma íntima relação entre política e ética. Sem ética a política não é democrática, transforma-se num permanente abuso de poder. Por isso a declaração é tão grave. Ela significa o elogio do vale tudo, a ausência de princípios na acção política, o mais absoluto discricionarismo.

Para mais Rangel não entendeu Maquiavel. Ficou-se pelo maquiavelismo, convenceu-se que fazer política é a arte de manipular e ludibriar. E esqueceu um pequeno detalhe: Maquiavel escreveu sobre a tirania, hoje vivemos em democracia.

Mas não há mal que não venha por bem. Estamos agora esclarecidos que não se deve esperar qualquer comportamento ético por parte dos eleitos nas listas do PSD.

09
Ago09

Uma questão de argumentos

Leonel Moura

É claro que é próprio dos blogues dar-se largas à chamada conversa de café, que aliás deixou de existir e migrou para a Internet. Isto é, aquele comentário do momento, estapafúrdio, demagógico, nada fundamentado. Não tem mal, faz parte da vida e é muito positivo que existe um espaço de liberdade para o exprimir.

Outra coisa, contudo, são os argumentos políticos para defender uma causa ou uma opção. E aí os comentários dos blogues raramente têm alguma utilidade. Para além do insulto em si mesmo irrelevante já que só é insultado quem quer , estamos perante argumentos do tipo “quanto é que te pagam” ou “estás ao serviço de quem”? Ou seja, não se reconhece que uma pessoa possa defender um partido, um governo, um primeiro-ministro, simplesmente porque acha que, no contexto actual, eles representam aquilo que é melhor para o país.

Há pois e claramente, nesta fauna dos blogues, uma maioria de pessoas impreparada para a democracia e para uma sociedade evoluída. Por mim não me incomodam nada, mas tenho pena que não exista mais gente inteligente para que se possa dar uma discussão séria e profunda sobre a nossa sociedade e os seus caminhos futuros. Não vejo aliás da parte da direita e da extrema-esquerda grandes argumentos nesse sentido. Vejo sim o bota-abaixo, o dizer mal, o ódio mesmo, mas pouca coisa sobre ideias que possam melhorar a nossa vida colectiva. É, aliás, só isso que me leva a apoiar o PS e sobretudo José Sócrates e o que ele representa como determinação em modernizar Portugal. Mas isso é capaz de ser difícil de entender por certas mentes mais dadas ao superficial.