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SIMplex

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25
Set09

Desemprego

João Galamba

 

O PSD e o Jamais andam sempre a culpar o Governo pelo desemprego. Para além de (fingirem) ignorar o facto de estarmos a passar pela maior crise desde 1929, para além de (fingirem) ignorar que o desemprego disparou em flecha em todo o mundo, io PSD e o Jamais também se esquecem de comparar a performance do PS e do PSD nesta área. Como mostra o gráfico acima, as políticas do PS foram muito mais eficazes a travar o aumento do desemprego do que as do PSD. A superioridade do PS é ainda mais impressionante se atendermos ao facto que a recessão enfrentada pelo PSD não tem comparação possível com a crise actual. Nestes temas não é honesto atirar com valores à cara. Importa perceber de onde se partiu (a taxa de desemprego no início de 2005 andava próxima dos 8%), qual a evolução e sua relação com a crise actual (o desemprego cresceu muito menos com o PS do que com o PSD e, durante a crise, o desemprego em Portugal cresceu muito menos do que noutros países com quedas de produto semelhantes), etc. Isto é, é preciso interpretar os dados.

 

Apesar do desemprego elevado, foi durante o último governo PSD que se deram os maiores aumentos: passamos de cerca de 250 desempregados para aproximadamente 450 mil. Quanto ao governo PS é preciso não esquecer que até ao início da crise tinham sido criados 133 mil empregos. Só a crise impediu o PS de cumprir a sua promessa eleitoral.

 

24
Set09

Dos bons e maus usos da Utopia em política

João Galamba

(Texto da autoria de Gonçalo Marcelo, doutorando em Filosofia na Universidade Nova de Lisboa)

 

Nenhum político pode aspirar à melhoria real da sociedade de cujos destinos se encarrega se considerar o exercício do poder como sendo a manutenção do status quo. Em certo sentido, um bom político tem que ser optimista, é certo, mas também insatisfeito; deve sentir em si a força motriz do progresso, da mudança em direcção a algo de melhor. E deve lutar por isso. Talvez seja esta mistura de confiança e optimismo, mas também de insatisfação e capacidade de luta, aliada aos dons naturais de comunicação que faz com que Obama seja o incrível político que mostra ser.

 

É nesse sentido que a política tem de ser, até certo ponto, utópica – isto é, tem de poder ser atraída pela possibilidade do diferente, pela representação do melhor, que é remetido para um tempo futuro mas que, em última instância, só pode ser obtido através da acção no presente.

 

Certos utópicos constroem sistemas de ideias perfeitas, ou escrevem sobre cidades que realmente não têm lugar. Por vezes, desiludidos com a distância que vai do aqui e agora até à projecção imaginada, desistem da realidade, fogem perante as dificuldades empíricas. Esta é a lógica do tudo ou nada, que a nada mais corresponde que a uma contaminação da realidade pela hipérbole do ideal. É uma má utilização da utopia, que corresponde a uma lógica de fuga. A utopia produtiva, se assim lhe quisermos chamar, é como uma ideia reguladora. Não tem de existir para produzir efeitos. E não tem de ser absolutamente obtida, em todos os seus contornos de projecção ideal, para que nos aproximemos o mais possível dela.


21
Set09

Bezerro de ouro

João Galamba

Ricardo Costa diz que não percebe a razão da presidência não ter desmentido esta história em Agosto. Pois eu não percebo a dúvida de Ricardo Costa:  porque haveria a própria presidência de desmentir uma história que ela própria criou? Já agora, também não percebo como é que Ricardo Costa insiste em falar da seriedade e da credibilidade política de Cavaco Silva sem corar. Aliás, eu não percebo muita coisa e gostava mesmo que o presidente não se limitasse a criar um bode expiatório e desse, de uma vez por todas, explicações cabais sobre este caso. Mas isso sou eu que sou histérico e vejo crises onde só existem abalozinhos. É isto. não é?

19
Set09

Perguntas e perplexidades (texto de MAT, comentador no Arrastão)

João Galamba

"Parabéns pelo texto. Em altura de campanha é preciso coragem para fazer uma análise tão distante.

No entanto, deixe-me expor as minhas perplexidades:

1. O Presidente mandou “plantar” uma notícia, há 17 meses atrás, dando conta de que tinha suspeitas que estava a ser vigiado, dando orientações (que estão expostas no mail) na forma de como a investigação devia prosseguir, como camuflar a fonte e, ainda, dando como fundamento das tais “suspeitas” o facto de um tipo ligado ao governo (e ao estatuto dos Açores)ter se sentado numa mesa que para o qual não tinha sido convidado (convém tb saber que o jornalista do Público, noutro mail, diz que investigou a história e que as tais suspeitas não tinham fundamento.

17
Set09

Algumas razões para votar PS

João Galamba
17
Set09

PIN não é PINHO

João Galamba

Pergunta de um ouvinte da TSF: se fosse PM concelava os projectos PIN ou mandava fazer auditorias?

 

Resposta de MFL: Estou de acordo com o princípio mas não pode ser o governo a decidir que empresas devem ser salvas

 

MFL, a especialista, a conhecedora, a brilhante economista, a candidata primeira ministra de Portugal mostra — mais uma vez — que não faz a mínima ideia do que está a falar e confunde os projectos PIN com parte da actuação do ex-ministro Pinho. Eu sei que isto é tudo irrelevante, que é uma gaffe e que, na Verdade, MFL sabe tudo e é extremamente competente. É certo que sempre que fala, MFL diz disparates, mas são disparates genuínos, verdadeiros, honestos e plenos de seriedade. A figura mitificada que dá pelo nome de Manuela Ferreira Leite é um ideal e nunca é afectada pelo desempenho da Manuela Ferreira Leite empiricamente existente. Desculpa-se tudo porque há o Sócrates, esse desastre. A MFL que vemos e ouvimos não interessa, MFL é uma promessa, uma ideia. O que interessa aos portugueses não é o que Ferreira Leite diz e faz, é o que ela é. E ela é uma ideia eterna e imutável, independente da sua realidade empirica. É extraordinário que se fale de Sócrates como o querido líder quando o culto de personalidade está todo do lado do PSD. A mitificação em torno de Ferreira Leite é um platonismo para as massas.

17
Set09

A Verdade, sempre a Verdade

João Galamba

O PSD diz que o PS não fala do endividamento, isto é, o PS continua a mentir aos portugueses ocultando-lhes a sua Verdade. Estamos endividados!, insiste o PSD. Porque será que o PS não reconhece o endividamento? porque será que o PS não está sempre a falar do endividamento, de manhã, à tarde e à noite? como é possível que o PS seja incapaz de reconhecer que o nosso problema é o endividamento? como é que o PS não diz a verdade aos portugueses? Ou seja, o PSD critica o PS por este não se dedicar a auto-flagelação. O PSD não percebe que "estamos endividados!" não é um programa político e que, por isso, é natural que não se fale do endividamento, pelo menos no sentido que o PSD acha que se deva falar desse problema. Para o PS, o endividamento é uma realidade (ninguém nega que temos um défice externo elevado), mas o verdadeiro problema do país é o desemprego e crescimento económico.  O endividamento existe, é certo; mas é um resultado e não uma causa.

16
Set09

Rendimento Social de Inserção e as habilidades de Portas

João Galamba

2005

27%

2006

17%

2007

20%

2008

17%

Julho 2009

11%

 

 

Taxa de fraude do RSI (fonte: MTSS)

 

Nota: em princípio estes valores estão sobreavaliados, pois as acções de fiscalização são feitas recorrendo a uma amostra de beneficiários que apresentam maior probabilidade de incorrerem em fraude.

 

Paulo Portas adora malhar no RSI, mas prefere fazê-lo de viés: critica a fraude e não o programa em si. Ora, como se vê pela tabela, a fraude tem vindo a baixar e os valores não jogam com os famosos 25% referidos pelo líder do CDS. Se a preocupação de Portas fosse mesmo a fraude — não é, mas isso é outra história — a tendência, descendente, mereceria aplausos. Será que Portas conhece estes números?