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SIMplex

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22
Set09

Imaginem se fosse ao contrário

Hugo Mendes

Não consigo deixar de imaginar se tudo isto fosse ao contrário: se tivesse sido um assessor de José Sócrates a encomendar uma notícia de que havia suspeitas de escutas em São Bento - sem que tivesse sido feita alguma queixa ou contacto institucional para se certificar se a suspeita se confirma

 

Estaríamos hoje a discutir se o assessor que encomendou a notícia era de máxima ou mediana confiança do Primeiro-Ministro? Não estaria o país em uníssono exigir a José Sócrates que se demitisse por ter participado, por acção ou inacção, numa espécie de trapalhão esquema conspirativo contra o Presidente da República?

 

Entretanto, a resposta de Manuela Ferreira Leite à pergunta (umas das 50 a que ela e José Sócrates responderam na revista "Visão" desta semana) "Em política, omitir e mentir é a mesma coisa? R: Se for para enganar as pessoas é igualmente inaceitável" ganha uma dimensão interessante à luz do que se passou hoje, e sobretudo do que Cavaco Silva vier a dizer ao país.

03
Set09

Solidariedade proletária contra o abuso dos direitos de propriedade

Hugo Mendes

Este blogue solidariza-se com todas as decisões de Manuela Moura Guedes. Se a jornalista não conseguir, em virtude do ambiente de claustrofobia democrática vigente, encontrar uma cadeia de televisão, uma estação de rádio ou um jornal para publicar as reportagens realizadas pela sua equipa, nós estamos à disposição para ceder o espaço necessário neste blogue para que Manuela Moura Guedes possa divulgar as suas “cachas”.

01
Set09

Clarificando as coisas com uma televisão a cores

Hugo Mendes

A questão – levantada pelo João Galamba em comentário ao artigo do Rodrigo Adão da Fonseca no DEconómico - de se os Estados devem colocar constrangimentos ao desenvolvimento, incentivando uma dada trajectória económica e desincentivando outras é absolutamente central. Vale a pena acrecentar algumas coisas ao que o João já disse (e bem) sobre por que é que o que alguns chamam “dirigismo” é essencial do ponto de vista estratégico.

 

 

31
Ago09

Disseram "família"?

Hugo Mendes

Do baú do Pedro Adão e Silva:

 

«quanto maior é a naturalização do papel da família, menor é a tendência para as políticas públicas investirem no apoio à família. Foi o historial de responsabilização da família como rede de apoio que fez com que, ao longo de décadas, os países da Europa do Sul tenham negligenciado esta área. Por estranho que possa parecer, a invocação da família ajudou Portugal a ficar numa das piores situações em termos de natalidade. É, por isso, importante que a retórica sobre a família seja substituída por políticas que, de facto, a apoiem.»

 

31
Ago09

As tartarugas de Louçã

Hugo Mendes

No seu Evolution for Everyone, D.S.Wilson conta a certa altura a seguinte história:

 

«De acordo com a lenda, Wiliam James (o famoso psicólogo) foi uma vez abordado depois de uma aula por uma mulher de idade avançada que partilhou com ele a sua teoria de que o planeta Terra está apoiado nas costas de uma tartaruga gigante. Gentilmente, James perguntou-lhe em que se apoiava a tartaruga. “Uma segunda tartaruga ainda maior!”, respondeu ela com confiança. “Mas em que se apoia a segunda tartaruga, continuou James, na expectativa de mostrar o absurdo do argumento. A mulher afirmou de modo triunfal: “Não há saída, Mr.James – são tartarugas até ao fim!”» (p.133)

 

Esta pequena história faz-me lembrar aquela que parece ser a estratégia política de Francisco Louçã para o país. Primeiro, espoliamos os ricos. O que fazer depois? Continuamos a espoliar os ricos – desta vez, aqueles que são mais ricos que os primeiros, porque escaparam à primeira leva. O que fazer depois? Bom, depois vamos atrás dos ainda mais ricos – as tartarugas maiores – que conseguiram fugir….And so on.

 

29
Ago09

Solow, Magalhães, ou por que a "política da varinha mágica" não existe

Hugo Mendes

Em meados dos anos 80, Robert Solow disse algo que ficou conhecido como o paradoxo de Solow: «os computadores estão em todo o lado excepto nas estatísticas de produtividade». Pois bem, foi preciso esperar mais de uma década para que as empresas adaptassem a sua lógica organizacional e a gestão dos seus recursos humanos ao potencial oferecido pela tecnológicas da informação, de forma a extrair delas benefícios. Nesse momento, a produtividade norte-americana subiu consideravelmente.

 

Lembro-me sempre do paradoxo de Solow quando ouço dizer que os computadores, e em particular os Magalhães, não “servem para nada” (na sala de aula e  não só). Pois, se calhar não servem porque a sua introdução é muitíssimo recente, e tanto professores – que estão em formação, e que prosseguirá no futuro – como alunos ainda não aprenderam a melhor estratégia, nem a introduziram na sua rotina diária, para optimizar o seu uso. 

 

27
Ago09

A gente acredita

Hugo Mendes

 

“o combate à pobreza tem estado sempre na dianteira das politicas sociais [do PSD]”

(MFL discurso de apresentação do programa)
  

A sério? Atente-se nos anos em que o combate à pobreza e às desigualdades sofrem um atraso: 

                                             
                                                                ***
 
Objectivo do PSD inscrito no seu programa:
«melhorar a eficácia do rendimento social de inserção»
(p.15)
  
A sério?
Porque será então que em Janeiro de 2005 o prazo médio de pagamento do Rendimento Social de Inserção aos seus beneficiários estava nos 184 dias (o que compara com os 60 dias em Novembro de 2008)? E porque será que a percentagem de beneficiários com contrato de inserção estava, no mesmo mês de 2005, em 28% (estava em 88% em Novembro de 2008)?

 

23
Ago09

Internacionalização e incentivos

Hugo Mendes

As discussões a quente têm sempre o risco de nos fazerem desviar do essencial. Aquela que nos últimos dias foi mantida com alguns membros do Jamais e da Rua Direita em torno dos benefícios dos subsídios à exportação (e ao desenvolvimento em geral) é muito interessante, mas vale a pena colocá-la no contexto que vivemos e naquelas que são efectivamente as propostas do PS para o tal "pacto para a internacionalização" (que se pode ler aqui entre as páginas 16 e 18).

 

Independentemente da utilidade do instrumento específico do "subsídio" - que eu defendi, nos contextos adequados e com os cuidados necessários -, é mais interessante ver o conjunto de instrumentos de política pública propostos no "Pacto para a internacionalização". É fácil compreender que o que se pretende é criar um quadro com múltiplos mecanismos de incentivo e de facilitação que auxiliem as empresas na procura de mercados internacionais.