É o crescimento económico, estúpido!
Em 2003, Ferreira Leite dizia que o TGV era um investimento estruturante e fundamental para a economia portuguesa. Dado que, hoje, Ferreira Leite diz que é preciso crescer, dado que tal requer investimento (público ou privado, não interessa), em que medida é que o nosso endividamento justifica um adiamento da construção do TGV? Alguém me consegue explicar como é que algo fundamental e estruturante o deixa de ser apenas porque o País está endividado? Assumindo que Ferreira Leite não quer (intencionalmente) agravar a recessão, só há uma possibilidade: o argumento de Ferreira Leite sobre o TGV não tem nada a ver com o endividamento. A posição de Ferreira Leite tem de ser a seguinte: o TGV já não é estruturante nem fundamental — hoje, amanhá, sempre. Quanto muito, o TGV é um luxo a que nos permitiremos quando fomos ricos, isto é, o TGV já não tem qualquer relação com a questão da competitividade da economia portuguesa.