Contra a Asfixia Social...
Hoje, em Coimbra, no comício do Partido Socialista, Manuel Alegre confrontou o país com a demagogia inerente ao artifício demagógico de Manuela Ferreira Leite que se tem insurgido contra uma "asfixia democrática" que o olhar da líder do PSD reconhece em Portugal e não vê na acção de Alberto João Jardim... seria ingénuo pensar que o recente slogan de Manuela Ferreira Leite não resultara de um cálculo político elementar que tomara em consideração a presumida desavença de Manuel Alegre em relação ao PS... porque foi Manuel Alegre quem, num outro contexto e em relação a realidades específicas e datadas, evocara um certo "clima de medo" que só uma estratégia partidária de direita, com débeis fundamentos e paupérrimo gosto, poderia pensar em evocar para sua defesa contra a Esquerda... Por isso, foi importante a intervenção de Manuel Alegre que ergueu, poética e forte, a sua voz poderosa contra a manipulação... De forma clarividente, Manuel Alegre foi a Coimbra dizer que Portugal foi grande quando foi universal e não quando esteve "orgulhosamente só" e explicou, de forma clara e oportuna, que a asfixia democrática é, nada mais nada menos, do que a asfixia social a que conduz a pobreza resultante da aplicação de políticas de direita, valorizadoras do liberalismo e redutoras da acção social do Estado. Por isso e porque "quando se esvazia um direito social, estão a enfraquecer-se os direitos políticos", defendeu que "Portugal precisa de um governo de esquerda e a esquerda possível é o Governo PS" contra "a direita dos interesses", enunciando o desafio que se nos coloca nas eleições que se aproximam: "Recusar um Estado mínimo para os pobres e um Estado máximo para os poderosos"... desta intervenção deveria o PSD retirar uma lição: a de que o plágio, nomeadamente descontextualizado, é abusivo e pode fazer com que "o feitiço se volte contra o feiticeiro" porque só o original sabe defender com lisura as suas deduções porque só ele conhece a intencionalidade da sua enunciação... e é à Esquerda, com o Partido Socialista, que, neste momento, se impede a sujeição dos portugueses à anunciada asfixia democrática que tanta experiência de uso tem já na Ilha da Madeira.
(Este post tem publicação simultânea no A Nossa Candeia e no Público-Eleições 2009)