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SIMplex

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24
Set09

OPERAÇÃO DN

Eduardo Pitta

Quando Manuela Moura Guedes foi afastada do Jornal Nacional, Pacheco Pereira protestou. Fez bem. O afastamento da apresentadora era um sinal claro de “asfixia democrática”, disse.

 

A semana passada, o Diário de Notícias divulgou os contornos de uma cabala política, com epicentro na Casa Civil do Presidente da República, visando desacreditar o governo. O assessor responsável (o silêncio do PR cauciona o raciocínio) foi demitido. Pacheco Pereira desafiou o Chefe de Estado a explicar-se antes das eleições. Fez bem. Afinal de contas, o silêncio autoriza as piores suposições. E contaminou a campanha eleitoral.

 

Não contente, Pacheco Pereira descobriu uma Operação Diário de Notícias. O DN é acusado de enfraquecer o Presidente da República e de violar todas as regras do jornalismo: «para obter um efeito político deliberado [o DN] cometeu vários crimes».

 

Não é extraordinário? E eu a pensar que Pacheco Pereira era um defensor acérrimo do tipo de jornalismo que justamente celebrizou Bob Woodward e Carl Bernstein. Enganei-me. Do lado de cá do Atlântico o escrutínio independente é crime. É pena.

 

 

22
Set09

Qualquer semelhança...

Paulo Ferreira

"In one of the most difficult decisions of my Presidency, I accepted the resignations of two of my closest associates in the White House, Bob Haldeman, John Ehrlichman, two of the finest public servants it has been my privilege to know. Because Attorney General Kleindienst, though a distinguished public servant, my personal friend for 20 years, with no personal involvement whatever in this matter has been a close personal and professional associate of some of those who are involved in this case, he and I both felt that it was also necessary to name a new Attorney General. The Counsel to the President, John Dean, has also resigned." -  Richard Nixon

 

21
Set09

Bezerro de ouro

João Galamba

Ricardo Costa diz que não percebe a razão da presidência não ter desmentido esta história em Agosto. Pois eu não percebo a dúvida de Ricardo Costa:  porque haveria a própria presidência de desmentir uma história que ela própria criou? Já agora, também não percebo como é que Ricardo Costa insiste em falar da seriedade e da credibilidade política de Cavaco Silva sem corar. Aliás, eu não percebo muita coisa e gostava mesmo que o presidente não se limitasse a criar um bode expiatório e desse, de uma vez por todas, explicações cabais sobre este caso. Mas isso sou eu que sou histérico e vejo crises onde só existem abalozinhos. É isto. não é?

21
Set09

Moeda boa, moeda má

Tiago Barbosa Ribeiro

A demissão de Fernando Lima confirma a falsidade das suspeições alimentadas contra o PS, num espantoso conluio entre altas figuras do Estado e um jornal diário. As demissões, obviamente, não se vão ficar por aqui. Mas neste momento importa sobretudo analisar as consequências políticas destes dois meses de «escutas» ficcionadas, numa campanha criada e alimentada para atingir o PS. Uma campanha, vejam lá, absolutamente negra.

 

O PSD, que foi o partido que mais cavalgou nesta história, devia corar de vergonha sempre que ousar falar de «asfixia democrática». A principal asfixia democrática que vivemos está na forma como o principal partido da oposição é incapaz de fazer política de forma ética.

 

Simultaneamente, Cavaco Silva terá também de assumir as suas responsabilidades. Durante todo este tempo, deixou que se instalasse uma ideia pastosa que incluía escutas, serviços secretos e o partido do Governo. A forma como lidou com este caso foi absolutamente desastrosa e, claramente, atinge a credibilidade da Presidência da República.

 

A sua inacção foi um facto incontornável desta campanha eleitoral. Perante a demissão de um colaborador da sua confiança há mais de duas décadas, o silêncio de Cavaco acaba por tornar-se intolerável. Para quando uma declaração ao país ou uma acção perante o país?

21
Set09

Bodes expiatórios

Paulo Ferreira

Se um bode expiatório parece resultar no caso BPN porque é que não haveria de resultar também no caso das falsas escutas, Cavaco Gate?!Tentar não custa, não é Sr. Presidente?

Há quem se esqueça,por exemplo, da "violência" contra "o bebé na incubadora" (como dizia Pedro Santana Lopes) e do famoso artigo sobre a Lei de Gresham no Expresso com que Cavaco assinou a "certidão de óbito" de Pedro Santana Lopes como primeiro-ministro.

Mas a verdade é que tantas vezes o cântaro vai à fonte.....que um dia destes se esCavaca todo!

 

sintonizado aqui também

21
Set09

O fedor pestilento

Paulo Ferreira

O Presidente da República afastou Fernando Lima do cargo de responsável pela assessoria para a Comunicação Social, que passará a ser desempenhado por José Carlos Vieira.

 

As falsas suspeitas de escutas lançadas por Fernando Lima via Público, por ordem de Cavaco Silva de acordo com o email de Luciano Alvarez e de acordo com comunicado do próprio jornal, deram um resultado: o despedimento do assessor.

 

Depois do SIS ter confirmado nada ter feito. Depois da "secreta" militar ter dito nada ter feito. Depois da PGR ter informado nada ter recebido do próprio presidente. Depois do próprio Público ter violado a correspondência electrónico dos seus jornalistas numa insana caça às bruxas. Depois de José Manuel Fernandes futuro-ex-director do Público e futuro assessor de Durão Barroso ter chamado mentiroso ao próprio Provedor dos Leitores do Público.

 

Posto isto, é pífio o resultado: Cavaco sacrifica um amigo e leal funcionário de longa data para tentar tapar aquilo que se tranformou num Cavaco Gate. Não chega.

 

É muito pequena a peneira deste bode expiatório para tapar tamanho sol desta VERDADE pestilenta...

 

 

publicado também aqui

20
Set09

DÚVIDA DOMINICAL

Eduardo Pitta

As cartas de Valmont a madame de Merteuil, uma vez na posse da marquesa (cf. Les Liaisons Dangereuses, Choderlos de Laclos, 1782), eram propriedade dele ou dela?

 

Hoje não se escrevem cartas assim. Escrevem-se e-mails. Se eu escrevo a alguém e esse alguém publica o meu e-mail, de natureza privada, no seu (dele) blogue, como já aconteceu, está a fazer uso de propriedade sua. Um uso errado, mas isso é outra conversa.

 

Os mesmos que aplaudiram a publicação de um e-mail meu num blogue, estão agora agoniados com a divulgação pública do e-mail de um jornalista para um colega, não obstante o conteúdo do e-mail desse jornalista envolver questões de Estado. Ou seja, questões que dizem respeito à Res publica. Enfim, vou ler outra vez o Laclos.

 

19
Set09

OS PONTOS NOS ii

Eduardo Pitta

João Marcelino, Um silêncio suspeito (Parte II), hoje no Diário de Notícias.  Excertos:

 


«[...] A reacção de Cavaco Silva é preocupante para a democracia portuguesa.
[...]

 

Um PR não se pode prestar a estes papéis. Ou tem certezas e age, com coragem; ou não tem certezas, e averigua calado. Ora Cavaco Silva não apresentou nenhuma queixa na Procuradoria, não pediu esclarecimentos ao SIS, não demitiu o Governo. De forma irresponsável, permitiu mesmo que se acendesse a fogueira da dúvida.

 

Enquanto não negar responsabilidades pessoais no comportamento do seu colaborador de 20 anos, o PR é suspeito de acusar sem provas, de lançar a instabilidade no País.

 

Acresce um outro aspecto: depois de 27 de Setembro, data em que começará a “averiguar”, já estará eleito um outro primeiro-ministro, que pode ser o mesmo, legitimado pelo voto popular apesar das suspeitas presidenciais sobre ele. Esta não é uma questão de pormenor. Vai com certeza introduzir ainda mais instabilidade num quadro partidário que pode não vir a ter uma solução estável para quatro anos. [...]»

 

19
Set09

Perguntas e perplexidades (texto de MAT, comentador no Arrastão)

João Galamba

"Parabéns pelo texto. Em altura de campanha é preciso coragem para fazer uma análise tão distante.

No entanto, deixe-me expor as minhas perplexidades:

1. O Presidente mandou “plantar” uma notícia, há 17 meses atrás, dando conta de que tinha suspeitas que estava a ser vigiado, dando orientações (que estão expostas no mail) na forma de como a investigação devia prosseguir, como camuflar a fonte e, ainda, dando como fundamento das tais “suspeitas” o facto de um tipo ligado ao governo (e ao estatuto dos Açores)ter se sentado numa mesa que para o qual não tinha sido convidado (convém tb saber que o jornalista do Público, noutro mail, diz que investigou a história e que as tais suspeitas não tinham fundamento.