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SIMplex

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22
Jul09

A IMPORTÂNCIA DE SER BENTO

Eduardo Pitta

Para o lugar de Dias Loureiro no Conselho de Estado, o Presidente da República convidou Vítor Bento, presidente da Sociedade Interbancária de Serviços, vulgo SIBS, ou seja, o Multibanco. Vítor Bento pertence ao quadro do Banco de Portugal, embora esteja na situação de licença sem vencimento desde 8 de Junho de 2000, data em que ingressou na SIBS. O facto estar na situação de licença sem vencimento, há nove anos consecutivos, não tem impedido progressões automáticas — por mérito — no quadro do BdP. Como Vítor Bento não se chama Armando Vara, o pessoal tolera. Até porque consta da cláusula 91.ª do Acordo Colectivo de Trabalho. OK. Se e quando Vítor Bento voltar ao BdP, terá direito a um vencimento-base de 11 mil euros, mais 47% desse valor a título de abono de isenção de horário, mais os benefits da praxe. Na SIBS ganha com certeza mais.

 

Não estando em causa a competência profissional do novo conselheiro de Estado, nada disto teria grande importância se o Presidente da República não tivesse dado, com esta escolha pessoal, um sinal contraditório com as suas — dele, Presidente da República — reiteradas preocupações sociais, enfatizadas numa célebre declaração sobre a espiral dos vencimentos dos gestores públicos e privados. Não admira que o PSD tenha adiado para Setembro — provavelmente para o dia 26 — a apresentação do seu programa eleitoral. Quem é que perde tempo a ler dezenas ou centenas de lugares-comuns? Os sinais são claros. E estão aí.

 

Para quem não saiba, Vítor Bento propôs recentemente, como solução para a crise económica, a redução — repito: a redução — dos salários dos trabalhadores por conta de outrem.