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SIMplex

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27
Ago09

Política sem ética

Leonel Moura

Segundo Paulo Rangel, deputado europeu e destacado membro da direcção do PSD, não se deve confundir a política e a ética. Esta surpreendente afirmação, derivada do combate interno contra Marques Mendes, é reveladora do estado de degradação política e mental a que chegou o actual PSD.

Baseando-se em Maquiavel, esse eterno recurso do primarismo político, Rangel afirma que a política é autónoma da ética. Ou seja, a política teria uma lógica própria – a da conquista e manutenção do poder –, que levaria à prática de actos e tomadas de decisão independentemente dos aspectos éticos envolvidos. O que implicaria tanto a inclusão nas listas para deputados de acusados por crimes de corrupção, quanto, por exemplo, o recurso à tortura e ao assassínio, tal como aconteceu recentemente nos Estados Unidos sob a Presidência Bush. Uma vez que se separe a ética da política onde fica a fronteira entre o aceitável e o condenável?

Rangel parece não ter entendido que a democracia moderna se caracteriza precisamente por uma íntima relação entre política e ética. Sem ética a política não é democrática, transforma-se num permanente abuso de poder. Por isso a declaração é tão grave. Ela significa o elogio do vale tudo, a ausência de princípios na acção política, o mais absoluto discricionarismo.

Para mais Rangel não entendeu Maquiavel. Ficou-se pelo maquiavelismo, convenceu-se que fazer política é a arte de manipular e ludibriar. E esqueceu um pequeno detalhe: Maquiavel escreveu sobre a tirania, hoje vivemos em democracia.

Mas não há mal que não venha por bem. Estamos agora esclarecidos que não se deve esperar qualquer comportamento ético por parte dos eleitos nas listas do PSD.

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