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SIMplex

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11
Ago09

Dos incêndios florestais

Sofia Loureiro dos Santos

 

A oposição ao governo e ao PS tenta, de todas as formas que conhece, exceptuando propor alternativas à política até agora seguida, criar casos e factos políticos, com manobras de diversão para esconder a falta de projectos políticos credíveis.

 

Foram várias as tentativas: a alegada falsificação das estatísticas relacionadas com os incêndios, a desvalorização do Parlamento, a não nomeação do Prof. Lobo Antunes para o novo CNECV, o recenseamento automático através do cartão do cidadão, que me lembre. Até agora nenhuma delas funcionou.

 

Mas eis que voltamos ao tema de Verão por excelência, mas que tem vindo a ser esquecido pelos jornais nos últimos tempos. Quando falta assunto, volta-se ao número de incêndios e à área ardida, habitualmente para culpar algum governante. Este ano, e com certeza não por acaso, Jaime Silva aparece no Público, na rubrica Sobe e Desce da última página (link não disponível), com a seta para baixo por causa da área ardida em incêndios deste ano, que é superior à dos anos anteriores, é mesmo superior à totalidade da área ardida no ano passado.

 

Também outras pessoas já começaram a pegar neste tema, usando-o como (mais) um dos falhanços do governo.

 

Mas seria muito interessante que se analisassem as estatísticas que constam do Relatório Provisório de Incêndios Florestais, disponível no site da Autoridade Florestal Nacional - Defesa da Floresta, e que analisa os dados disponíveis deste ano em comparação com a média dos anos de 1999 a 2008, e os dados deste ano, mês a mês, comparando-os também com a média dos dados de 1999 a 2008.

 

Se olharmos para os dados em gráfico, em número de ocorrências:

 

 
e em total de área ardida (em hectares):

 


podemos perceber que, a seguir a um ano de 2005 catastrófico, aos anos de 1999 a 2004 mais ou menos semelhantes, em que a média de ocorrências (no período de 1 de Janeiro a 31 de Julho) variava entre 11.000 e 14.800, com excepção de 2001 (cerca 9.000), e a média de área ardida variava entre 37.000 e 135.000 hectares (com excepção de 2001 – 28.000 ha), a partir de 2006 houve uma drástica descida no que diz respeito aos 2 indicadores.

 

É verdade que este ano tem corrido pior que os anteriores, mesmo assim melhor que os anos anteriores a 2006, sendo este aumento devido a um enorme acréscimo de ocorrências e de área ardida em Março, mês anormalmente quente neste ano, que representa 35, 75% das ocorrências e 62,22% da área ardida, até 31 de Julho.

 

Há que ser sério na discussão dos reais problemas que deverão ser resolvidos. Talvez fosse preferível tentar perceber quais as medidas que se devem implementar para que, durante todo o ano, haja o mesmo alerta e a mesma capacidade de combater os incêndios que durante a época de Verão.

 

Nota: também aqui.

 

2 comentários

  • "O problema é que 80% da área ardida se concentra em quinze dias de condições extremas (que não existiram nos três últimos anos)." - mas pelos dados do relatório será existiram de 1999 a 2005, e é esse o fenómeno que faz com que em todos esses anos (7) a média de ocorrências e de área ardida seja sempre muito superior às das que se verificaram nos 3 últimos anos?

    Do que estou a falar é de tendências. Quanto ao problema das causas estou de acordo consigo. Mas não vi nenhuma formação política, corrija-me se estou enganada, a discuti-las e muito menos a propor soluções.
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